Bozo volta ao ar com fórmula tradicional

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Por JOÃO FERNANDO
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Silvio Santos gosta de viver do passado. Depois de relançar Carrossel, que tem sido sucesso de audiência, o SBT retira do baú o programa Bozo, sucesso nos anos 1980, com estreia marcada para amanhã, às 9 horas. A fórmula de desenhos e brincadeiras foi mantida, assim como os personagens que dividem o palco com o protagonista, como Vovó Mafalda, Papai Papudo e os bonecos manipulados Zecão, Lili, Maroca e Macarrão. Todos tiveram o visual atualizado, menos o palhaço ruivo, pois os direitos do personagem pertencem à Larry Harmon, empresa norte-americana que controla a franquia. "O Bozo é o único que não pode ser repaginado. Existe um manual para isso, que a gente chama de Bíblia", explica Flávio Carlini, diretor da atração, que também comandou o infantil na primeira versão. Os passos de Bozo são controlados. Uma cópia da primeira edição gravada do programa foi enviada aos EUA, "Provavelmente, eles vão mandar alguém de lá para supervisionar."Apesar de a estreia ter sido anunciada para este mês, o palhaço tem aparecido desde o ano passado no Bom Dia & Cia, exibido durante a semana no SBT. A equipe da emissora penou para encontrar um novo intérprete. "Foram feitos testes exaustivos. Só para o papel do Bozo foram mais de cem pessoas durante quase dois meses. É um universo grande de pessoas que se acham capazes de imitar", conta Carlini, que não revela a identidade do candidato escolhido.Nas primeiras audições, os inscritos tiveram de se apresentar sem a caracterização do personagem. "A gente tem um olhar clínico para ver as características necessárias", avalia o diretor, que retomou a parceria com o autor William Tucci, que dava expediente no programa cerca de três décadas atrás. Apenas um candidato foi contratado. "Vamos dizer que o Silvio Santos fique doente. Não tem ninguém para substituí-lo. Mas é lógico que tenho alguém não contratado para chamar", afirma Carlini.O diretor estava no comando no fatídico dia em que uma criança, que entrou ao vivo por telefone no programa e disse um palavrão no ar, deixou Bozo, então vivido por Arlindo Barreto, boquiaberto. "O sonoplasta estava avisando para não colocarmos no ar, pois tinha ouvido antes que ele (o menino) estava falando com um amigo que iria aprontar. Foi um terror completo. Tiramos do ar com o Bozo dando risada", relembra.O intérprete do palhaço em questão foi um dos contratados para o papel que teve problemas com álcool e drogas. Em seguida, Barreto se tornou pastor evangélico e criou um personagem, também palhaço, chamando Mr. Clown, que participa de eventos de sua igreja. No site oficial do missionário, ele diz que Clown é "embaixador do reino de Deus", pois "todo rei tem um bobo em sua corte".Flávio Carlini afirma que nunca teve problemas com os Bozos que tiveram vidas de pessoas turbulentas. "Ainda sou amigo de dois deles", entrega ele, sem querer citar os nomes.Além das brincadeiras, haverá esquetes no palco. "É tudo superpastelão, pois as crianças adoram. O Bozo é o herói, nunca leva tombo, torta na cara, nem paulada. Aliás, eu aboli as pauladas, só tem coisa leve", avisa o diretor, que terá de controlar o público entre 6 e 12 anos. Ele ainda não sabe se há produtos licenciados do palhaço. "O departamento comercial está de olho. Mas é preciso ver o programa no ar."

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