Bornay é enterrado ao som de marcha carnavalesca

Ô, Abre-alas, de Chiquinha Gonzaga, abriu o cortejo fúnebre do carnavalesco Clóvis Bornay, enterrado hoje no Rio

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Por Agencia Estado
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A marcha Ô, Abre-alas, de Chiquinha Gonzaga, abriu o cortejo fúnebre do carnavalesco Clóvis Bornay, enterrado no fim da tarde de hoje, sob uma chuva fina, no cemitério São João Baptista, em Botagofo (zona sul). A música, entoada por cerca de 200 pessoas, entre familiares, amigos e sambistas, foi uma escolha dele, assim como a purpurina e as lantejoulas sobre o caixão, materiais que o fluminense da região serrana de Nova Friburgo, morto de ataque cardíaco aos 89 anos, soube transformar em fantasias premiadas. Durante o enterro, foi lembrado também o samba-enredo Lendas e Mistérios da Amazônia, a última vitória conquistada pela Portela, em 1970, tendo Bornay como carnavalesco. Vários integrantes da escola, como Dodô da Portela, de 85 anos, ressaltaram o talento, o bom-humor e a dedicação do amigo. "No início do ano, abrimos o desfile da Portela: eu, ele e Paulinho da Viola. Ele estava muito feliz", contou. Muito emocionada, Irene, escolhida por Bornay para ser a primeira porta-bandeira da agremiação, há 35 anos, recordou que a reverência com a qual o carnavalesco era recebido, até hoje, ao chegar à quadra. "Ele era um espírito de luz. Uma pessoa muito querida". As bandeiras da Portela, da Mocidade Independente de Padre Miguel, de Vila Isabel e da Confraria do Garoto, tradicional grupo carioca conhecido pelas manifestações irreverentes, encobriam o caixão. "Ele era um homem admirado também pela cultura, não só pelas plumas e paetês. Além das passarelas e do salto alto, era mais homem do que muita gente que anda por aí", disse Nelson Couto, conhecido como o xerife da confraria. As três filhas que o carnavalesco adotou ao casar, há dez anos, com Marilena Ferreira, estavam muito emocionadas. Uma delas, Patrícia, de 19 anos reclamou do atendimento médico dado ao pai no hospital Souza Aguiar e disse que vai processar a Prefeitura, responsável pela unidade. "Ele caiu, mas estava bem, consciente. Sentia dores no estômago e estava com infecção intestinal. Deram um injeção e, logo depois, ele sofreu o ataque cardíaco", disse.

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