Bons espetáculos agitam teatro em Curitiba

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Por Agencia Estado
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O primeiro fim de semana do 10º Festival de Teatro de Curitiba (FTC)- que teve início na quinta-feira e terminou hoje - foi marcado por casas lotadas e estréias que corresponderam às expectativas positivas que tinham provocado, entre elas "Dias Felizes", de Beckett, com a atriz Vera Holtz, "Um Porto para Elizabeth Bishop" e "Copenhagen". No sábado, houve plena lotação do Teatro Guaíra - platéia, mezzanino, laterais -, uma casa de quase 2 mil lugares onde estreava "A Mulher sem Pecado"; e também do Guairinha, com cerca de 600 lugares, onde "Um Porto..." fazia sua segunda apresentação. O mesmo acontecia com "Copenhagen", aplaudido aos gritos de "bravo", também em segunda apresentação no Teatro da Reitoria. O público deu risadas com piadas feitas a partir de conceitos de física quântica e acompanhou com atenção inesperada na agitada maratona teatral do FTC, o espetáculo de duas horas e meia de duração. Muito longo? Depende do ponto de vista. "Copenhagen" foi prova mais contundente da falácia da campanha publicitária do evento. Um peça que não pode ser consumida como uma lata de refrigerante, que se abre distraidamente. É preciso mobilização interior para acompanhar o espetáculo, que nada tem de "pronto para o consumo" e requer a parceria inteligente do público. Em Curitiba, essa parceria aconteceu. Protagonista de "Vestido de Noiva", apresentada no Guaíra, o ator José de Abreu interrompeu os aplausos finais para fazer uma declaração. "Com tanta gente num teatro não dá para resistir à tentação de falar uma coisinha", brincou. E não foram apenas os espetáculos da mostra oficial que o público curitibano prestigiou nesse primeiro fim de semana do evento. Ainda na tarde de sábado, a irreverente comédia "Bárbara não lhe Adora" - uma brincadeira com o nome da crítica teatral Bárbara Heliodora -, que integra a mostra paralela (Fringe), conseguiu casa cheia no Teatro Lala Schneider. Ainda é cedo para comemorar e esse fluxo tende a diminuir durante a semana. De qualquer forma, a procura pelas peças do Fringe tem sido bastante boa. Uma longa e lenta fila vem se formando todos os dias no corredor do Shopping Müller, diante do único ponto de venda de ingressos para o festival. É espantoso que um evento desse porte - cujo mote é "pronto para o consumo" numa campanha publicitária baseada na equivocada idéia de que arte pode ser comparável a produtos na linha fast food - tenha um único ponto de venda para atender ao "freguês" que é como a campanha chama o espectador. Em entrevista à Agência Estado, o diretor do festival, Victor Aronis, chegou a culpar o espectador pela fila. "As pessoas deixam para comprar ingresso na última hora e, além disso, demoram a decidir e por isso a fila fica lenta", declarou num primeiro momento. Mas acabou admitindo a falha. "No ano que vem, vamos vender ingressos pela Internet, pode me cobrar."

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