Boni organiza livro sobre 50 anos da TV

Livro de Boni conta 50 anos de história da TV brasileira.

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Por Agencia Estado
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Foi numa mesa do Jardim Di Napoli, o restaurante italiano, em São Paulo, que nasceu idéia, o título e toda a concepção de 50/50. O livro organizado por Boni, ou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, com 50 depoimentos e 50 programas, foi sugestão da amiga Vida Alves. Ela, claro, protagonista do primeiro beijo produzido e mostrado na TV brasileira, é um dos 50 nomes selecionados. Previsto inicialmente para setembro, para coincidir com a data do cinqüentenário da TV, o lançamento atrasou um pouco, e mais um pouco, primeiro em função da demora na coleta de todos os textos - Silvio Santos, o único dono de TV entre os depoentes e Marluce Dias da Silva, a sucessora de Boni no comando da Globo, foram os últimos a enviar suas linhas. Depois, demorou um bocado mais porque, em comum acordo com a Editora Globo, a equipe de Boni achou que o projeto merecia mais cor, melhor acabamento. Enfim, mais perfeição, fazendo jus ao histórico do mentor, de quem se diz que, para tudo que lhe mostravam, sempre exigia uma segunda versão, melhor que a inicial. A edição dos textos é de Edwaldo Pacote, que integra, ao lado de Carlos Alberto Vizeu (autor do prefácio), Jorge Adib (ex-diretor da Divisão Internacional da Globo) e do próprio Boni o comitê responsável pelo trabalho de coordenação e pesquisa. E tome pesquisa. Cinqüenta fotos completam a cena. Antes de enumerar os tantos episódios que justificam a leitura, 50/50 é título que convém ao momento e à história. Ao momento porque, em tempos de discutir o controle sobre a programação de TV, em que executivos engolem números de Ibope goela abaixo, sem noção de como digeri-los, há depoimentos preciosíssimos de quem entende como ninguém o comportamento da platéia que lá está, diante da tela. Homero Icaza Sanches, um panamenho que ficou conhecido como "o bruxo", tamanha era a precisão de suas análises sobre os índices de audiência, é leitura obrigatória para quem vive disso. E convém à história porque, tomando o mesmo Sanches como referencial, traz a palavra de alguns daqueles gênios que sempre resistiram em vir a público. Daí que o livro é quase um confessionário - para alguns. Não espere, por exemplo, encontrar no depoimento de Armando Nogueira maiores detalhes de bastidores de sua era à frente da Central Globo de Jornalismo. Também no time dos reclusos está Mário Lúcio Vaz, atual diretor de Controle de Qualidade da Globo, ex-diretor da Central Globo de Produção, e dono de incontáveis façanhas. A principal delas é narrada por ele mesmo: "Sem ter dirigido uma única cena de novela na Globo, participei diretamente durante mais de 15 anos da maioria delas". Entre os mais divertidos, não perca os depoimentos de Borjalo e Max Nunes, que define bem o veículo: "No começo, era só o som, o rádio. Só mais tarde apareceu a televisão, ou seja, a imagem para se juntar ao som. Justamente o contrário do cinema cuja imagem chegou antes do som". Foi isso mesmo. No Brasil, sabe-se desde meio século atrás, foi a turma do rádio que arregaçou as mangas para entender e fazer a televisão. Mesmo que Daniel Filho, outro entre os 50, tenha se enganado por tantos anos, imaginando que fazia seu "cineminha" enquanto produzia novelas. Ah, sim, há também 50 datas, o que resulta numa cronologia bastante criteriosa. E, da lista dos 50 programas, Chacrinha, Silvio Santos, Chico Anysio, Festivais de MPB e, entre novelas, seriados e infantis, muita ficção - Anos Dourados, Alô Doçura, Beto Rockfeller, Dancin Days O Auto da Compadecida, Armação Ilimitada, A Grande Família, Castelo Rá-Tim-Bum, Engraçadinha, Escrava Isaura, Faça Humor, Não Faça Guerra, Família Trapo, Os Trapalhões, Gabriela, O Bem Amado, Grande Sertão: Veredas, Malu Mulher, Irmãos Coragem, Pantanal, Pecado Capital, Roque Santeiro e Morte e Vida Severina. Dos jornalísticos, Jornal Nacional, Fantástico, Jornal de Vanguarda, Jô Soares Onze e Meia, Repórter Esso e Roda Viva. E nem citamos todos. De Boni, muitos contam contos, nem sempre bajulatórios - a maioria, reconhece, e justifica, no comportamento explosivo, a genialidade e percepção do homem que criou o padrão Globo de qualidade, sem deixar que um só detalhe fugisse de seu controle - nem as unhas de Sônia Braga em Gabriela. A Editora Globo promete colocar o livro nas prateleiras a partir da próxima segunda-feira. Com 328 páginas, cada exemplar custa R$ 79,00. Os direitos sobre a venda serão destinados ao Retiro dos Artistas.

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