Bodanzky anuncia novidades no seu site sobre a Amazônia<CW>

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Por Agencia Estado
Atualização:

Tudo começou há mais ou menos quatro anos, quando Jorge Bodanzky apresentou um projeto sobre conteúdos de educação na internet para a Universidade de São Paulo, a USP. O projeto não foi adiante, mas Bodansky persistiu na rede. Terminou criando o site www.amazonlife.com. Com textos em português e inglês, é o mais completo que existe sobre a Amazônia, uma verdadeira enciclopédia. Recebe cerca de 20 mil acessos por mês, a maioria deles do exterior. E não pára de crescer. Bodanzky diz que atualmente já dispõe do dobro das informações à disposição dos internautas. Espera integrar ao site todos esses conteúdos em breve, talvez ao longo deste ano, mesmo que isso signifique restringir o acesso. O site, atualmente franqueado, passará a ser pago. Bodanzky é um nome importante do cinema brasileiro. Diretor, roteirista, fotógrafo e montador, tem realizado, há quase 30 anos, filmes e vídeos sobre a região amazônica. Eles o transformaram em especialista na matéria. Nada mais natural que o próprio governo brasileiro o chamasse, em 1996, para produzir um CD-ROM para ser oferecido, como brinde, ao G-7, o Grupo dos Sete, que ia se reunir em Berlim, para discutir ecologia e, dentro do tema, a floresta tropical. Do CD-ROM terminou saindo o site, propriedade da empresa Couro Vegetal da Amazônia, que cria produtos em látex simulando couro. A Couro Vegetal tem o nome amazonlife, mas estabeleceu com Bodanzky uma divisão. A parte de conteúdo do site é dele, ficando a empresa com a parte mercadológica - os produtos, que podem ser acessados, no site, sob o rótulo ´shopping´. Há um caso Jorge Bodanzky no cinema brasileiro. Começou em 1974, quando ele fez Iracema e a história da índia prostituída por um caminhoneiro ao largo da Transamazônica imediatamente entrou para o índex das obras proibidas pelo regime militar. A ditadura queria mostrar ao mundo a Transamazônica como uma de suas pérolas. De um golpe, Bodanzky e seu parceiro de viagem, Orlando Senna, afrontavam não só a grande estrada mas também a mítica Iracema, a virgem dos lábios de mel criada pelo escritor José de Alencar no auge do romantismo, no século 19. Iracema não só foi proibido como teve sua nacionalidade contestada. Seria um filme alemão, já que Bodanzky teve como outro parceiro um sujeito chamado Wolf Gauer. Passaram-se os anos e em 1980 "Iracema" venceu o Festival de Brasília. Bodanzky fez mais quatro filmes e colocou um parêntese em sua carreira de cineasta. Começou a mexer com computadores. Hoje ele diz que não parou com o cinema. Continua tendo projetos de filmes, mas cada vez mais pensa e age como artista multimídia - seus projetos de filmes para cinema e TV passam necessariamente pelo suporte digital e pela internet. Ele já produziu o CD-ROM sobre a Amazônia, outro CD-ROM sobre o cinema brasileiro dos anos 60 e dirige os conteúdos do site sobre a Amazônia. Dirige é bem o termo. "Não sou um técnico em computadores; na internet faço a mesma coisa que no cinema e na TV: dirijo", ele diz. Se considerarmos que o regime militar o tinha como inimigo e o governo o chamou, há pouco mais de quatro anos, para produzir o CD-ROM, não há como negar que houve uma mudança de pontos de vista em relação a Bodanzky no País. Sua grande aliada é a TV, especialmente a européia, leia-se alemã, onde seus documentários ecológicos não dispõem apenas de prestígio, mas também de audiência. No País, alguns de seus documentários foram parar no Globo Repórter - O Último Eldorado, Amazônia, Ártico. E suas abordagens não se resumem à Amazônia, por mais que o assunto o entusiasme. Na França, produziu um média-metragem, para TV, sobre surfistas de trem e outro sobre o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Possui inúmeros projetos interdisclinares de educação ambiental. Considera o assunto prioritário no limiar deste milênio que tem de ser marcado pela consciência ecológica. Com financiamento do BID e do governo brasileiro, fez uma série de dez vídeos sobre educação ambiental na Amazônia para integrar o projeto Educação à Distância. Mas é a internet, o melhor suporte para quem quiser saber as últimas sobre Jorge Bodanzky. Ele brinca, dizendo que pode se dedicar a suas atividades multidisciplinares porque a parte de cinema da família está sendo muito bem administrada pela filha, Laís, a admirável diretora de Bicho de Sete Cabeças. "O que eu posso dizer da Laís? Que a amo, que é maravilhosa", ele diz. E acrescenta: "É muito conscienciosa; trabalha com película e o faz muito bem, o que me incentiva a trilhar outros caminhos." A propósito é o único caso no cinema brasileiro e um dos raros no mundo. Laís Bodanzky ganhou no ano passado, com Bicho, o Candango que seu pai havia recebido por Iracema. Fechou-se um ciclo. E o cinema brasileiro segue enriquecido pelas experiências de ambos.

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