Você já se ouviu falando em público? Ou numa reunião de trabalho?
Como é o seu desempenho? Transmite segurança ou acelera as palavras, embola pensamentos e interrompe o raciocínio com digressões?
Coach em liderança feminina, a americana Tara Mohr listou muletas linguísticas que costumam nos sabotar. E descobriu que mulheres podem ser mais afetadas por hábitos verbais que transmitem hesitação, insegurança ou autodesvalorização. Em geral ao tentarem, consciente ou inconscientemente, parecer “boazinhas”, flexíveis, conciliatórias e calmas.
“Mulheres com mensagens importantes e ideias brilhantes se diminuem por meio de suas palavras – geralmente sem nem perceber”, resume a autora no livro Ouse Crescer: Encontre Sua Voz e Deixe Sua Marca no Mundo (Editora Sextante).
Quer um exemplo? Frases que começam com desculpe. Muitas mulheres têm o hábito de, inconscientemente, desculpar-se por assumir posição, dizer algo ou fazer perguntas.
Na verdade é outro clássico. Na verdade, acho que... Na verdade, discordo... Dá impressão ao interlocutor de que quem fala está surpresa por discordar.
Quando não se sente à vontade para expressar ideias ou ênfase, há muletas como Talvez, quem sabe, Só.(Só fico pensando se.., Só preciso que...).
Ressalvas também são comuns: Não sou especialista, mas... É só uma ideia, mas...
Muitas mulheres terminam frases com Isso faz sentido? Ou algo similar. Para a autora, quem recorre a essa tentativa de se aproximar do público, verificar reações e confirmar se foi compreendida é vista como menos influente e com menos conhecimento do tema.
Há também quem costume dar entonação de pergunta a afirmações, indicando insegurança, ou adotar ritmo cantante na frase, tornando-se menos convincente.
Mas por que tantas muletas, desculpas e ressalvas na linguagem feminina?
Tara explica que em parte por contágio. Ouvimos e reproduzimos. Mas há também o “duplo vínculo”, fenômeno em que mulheres são vistas como competentes ou afáveis, mas não as duas coisas ao mesmo tempo.
E qual a saída? Segundo a autora, não se trata de adotar um estilo de comunicação autoritário. Nem de deixar de ser gentil, sociável e humana nas relações. Mas sim de descartar padrões autodepreciativos decorrentes do medo de conquistar espaço e assumir poder.
Afeto ok, mas sem muletas na hora de se posicionar.
Ah, esse alerta vale também para comunicação escrita. Que tal então revisar as mensagens que você vai mandar hoje?