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'Blade Runner' é exibido em Veneza em nova versão do diretor

Filme, um dos clássicos da ficção científica, é exibido pela primeira vez do jeito que Ridley Scott imaginou

Por Silvia Aloisi e da Reuters
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Vinte e cinco anos depois de Blade Runner - O Caçador de Andróides receber críticas ruins e ser retirado dos cinemas, o diretor britânico Ridley Scott está curtindo sua vingança, lançando a montagem final do filme que hoje é considerado um grande clássico da ficção científica. Scott apresentou a nova versão de Blade Runner, filme que ele considera o melhor de sua carreira, no Festival de Cinema de Veneza. O diretor recordou as dificuldades que enfrentou quando primeiro propôs o projeto a Hollywood. "Eu era novato em Hollywood, então o percurso até o estúdio, todos os dias, eram um 'magical mystery tour' para mim. Mas o processo todo de fazer o filme ficou muito difícil", contou a jornalistas em Veneza, depois da sessão em que Blade Runner - The Final Cut foi exibido à imprensa. "Eu não estava acostumado a ter tanta gente interferindo no meu trabalho, naquela época. Por isso, o que saiu foi uma versão híbrida do que eu pretendera originalmente. Em consequência disso, tivemos uma estréia fraca, resenhas negativas. Fui desancado por alguns críticos, e achei que o filme estava acabado para sempre", contou. O thriller futurista é ambientado no ano 2019 e acompanha o policial Deckard (Harrison Ford), um "blade runner", ou caçador de andróides, que tenta capturar e matar quatro replicantes humanos que escaparam de uma colônia no espaço. A reação às primeiras sessões do lançamento do filme, em junho de 1982, foi tão fraca que os produtores obrigaram Scott a acrescentar uma narração ao filme e mudar o final para torná-lo mais "feliz". "Eu pensava que tivesse realmente acertado. E a pessoa a quem eu mostrava o filme, enquanto estava sendo feito, era meu irmão (o diretor Tony Scott). Ele o adorava. Então fizemos as pré-estréias, e as reações foram péssimas, e minha confiança saiu baqueada", contou o diretor. A remontagem do filme "levou ao acréscimo de uma narrativa que explicava o que estava prestes a acontecer, quem eram os personagens e quem ia fazer o quê a quem - a antítese de um bom processo cinematográfico", disse ele. Filme cult Apesar das modificações e de duas indicações ao Oscar, as críticas negativas e o lançamento quase simultâneo do imensamente popular E.T., de Steven Spielberg, levaram Blade Runner a sair de cartaz em pouco tempo. Mas o filme acabou alcançando status cult depois de ser relançado na televisão e em vídeo. Scott, 69 anos, disse que tinha quase esquecido o assunto até ver clipes do filme na MTV e se dar conta de que seu filme "estava exercendo influência forte sobre gerações mais jovens". Ao longo dos anos, foram lançadas cinco versões do filme, incluindo uma montagem do diretor em 1992. Mas Scott disse que Final Cut - que será lançado em DVD para colecionadores ainda este ano - "é como realmente se pretendeu que o filme fosse". No momento, o diretor está trabalhando sobre Body of Lies, um dos vários filmes de Hollywood sobre a guerra do Iraque, com lançamento previsto para os próximos meses. Mas ele disse que gostaria de fazer outra ficção científica. "Estou sempre procurando por isso, então se alguém tiver um bom roteiro de ficção científica na mão, que envie para mim", disse ele.

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