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"Bis" retrata a agonia do amor

Espetáculo concebido por Beth Lopes, de O Silêncio, flagra um casal vivendo um período de tédio e desgaste. Estréia amanhã no Teatro do Centro da Terra

Por Agencia Estado
Atualização:

Quem viu não esquece o espetáculo O Silêncio, com texto de Peter Handke: apenas dois atores atuando num espaço de reduzida dimensão, executando uma partitura de ações físicas de grande sofisticação, intensidade e delicadeza. A direção de O Silêncio era assinada por Beth Lopes. É também dela a concepção de Bis, espetáculo que estréia amanhã no Teatro do Centro da Terra. No palco, mais uma vez dois atores - Clarissa Kiste e Kiko Bertholini - e a expectativa de um bom espetáculo, agora com texto de Luiz Cabral. O tema é o relacionamento amoroso. Mais precisamente, a agonia de um amor. Salvo algumas felizes exceções, as relações amorosas costumam seguir um roteiro bastante previsível. De início, o par amoroso se sente reciprocamente capturado. Segue-se um dia-a-dia feito de descobertas fascinantes. Um conhecimento mútuo que promete uma fonte inesgotável de novidades. Promessa vã. Quase todo amor um dia chega ao fim. O problema é que ele raras vezes se dá de forma abrupta. Os sinais de desgaste surgem aos poucos e "aquela esperança de tudo se ajeitar", presente nos versos da canção e no coração dos amantes, costuma adiar ao limite do insuportável o rompimento definitivo. Bis flagra uma casal vivendo esse período de desgaste, tédio e ressentimentos cotidianamente repisados. Seus nomes são Ei e Psiu. E o público acompanha uma encenação elaborada sobre repetições, gestos meticulosamente trabalhados, uma recriação artística de uma realidade só possível de ser compreendida assim, a distância, sob o filtro da arte. Bis. De Luiz Cabral. Direção Beth Lopes. Dur.: 50 min. Sexta e sábado, às 21 horas. Domingo, às 20 horas. R$ 20,00. Teatro do Centro da Terra. Rua Piracuama, 19, Sumaré, São Paulo, tel. 3675-1595. Até 22/12.

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