PUBLICIDADE

Bioy casares e o diário sobre uns dias no Brasil

Por Carmen Sigüenza
Atualização:

O escritor argentino Adolfo Bioy Casares (1914-1999), grande viajante, queria que suas expedições se transformassem em viagens interiores que o ajudassem a refletir. Em 1960 foi ao Brasil e dessa visita nasceu Uns Dias no Brasil, livro inédito que será lançado no dia 6 pela editora Páginas de Espuma na Espanha e pela Compañía na Argentina. Haverá ainda a exposição Brasília 1960 das fotografias inéditas tiradas por Bioy que o volume inclui, na Galeria Guayasamín da Casa da América.Uns Dias no Brasil conta com epílogo do editor e tradutor Michel Lafón. Trata-se de uma obra breve, um livro "raro", de pouco mais de 100 páginas em forma de diário, outra das práticas do autor de A Invenção de Morel (1940), nas quais o narrador argentino descreve suas impressões, reflexões e lembranças do Rio, de São Paulo e de uma recém-nascida Brasília. O próprio Casares fez uma edição de uns 200 exemplares de Uns Dias no Brasil para a família e amigos, mas sem nenhuma repercussão pública, explica Juan Casamayor, editor de Páginas de Espuma.Lafón, que vai à apresentação do livro dia 8, em Madri, diz no epílogo que o diário tem um toque íntimo e pessoal do autor "para seguir transformando qualquer dia de sua vida em uma viagem e uma aventura, qualquer lugar do mundo em uma ilha encantada onde tudo se torna possível e até mesmo desejável".O autor, amigo inseparável de Jorge Luis Borges (eles se conheceram em 1931), foi ao Brasil convidado de um congresso de escritores organizado pelo Pen Clube. Por isso, as lembranças da viagem e a descrição de ambientes partilhadas por Alberto Morávia e Graham Greene fazem parte da narrativa, que inclui ainda a impressão decepcionante que Brasília, cuja construção começou em 1956, produziu em Bioy Casares.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.