Biografia questiona reclusão de J. D. Salinger

Para autores, contato do autor com as comunidades em que vivia, assim como com fãs, foi maior do que se imaginava

PUBLICIDADE

Por DAVID L. ULIN e LOS ANGELES TIMES
Atualização:

O escritor J. D. Salinger passou metade da vida se escondendo das pessoas - no meio delas. Talvez seja esta a revelação mais interessante tanto da biografia Salinger, de David Shields e Shane Salerno como do documentário que a acompanha: longe de ser um recluso no sentido tradicional, Salinger viveu uma vida na qual teve bastante contato com o mundo exterior. Ele viajou, visitou amigos, criou seus filhos. Interagiu com os habitantes de Cornish e Windsor, cidades em que viveu. E, agora é certo, escreveu pelo menos cinco volumes de material ainda inédito, assim como muitas cartas para conhecidos, admiradores e parceiras românticas, algumas delas citadas no livro de Shields e Salerno.Esta é, aliás, a principal diferença entre o livro e o documentário agora lançados. Na versão impressa, é em boa parte o próprio Salinger que nos fala de si mesmo. Isso porque os autores não citam apenas trechos das suas obras mais famosas mas, principalmente, cartas e escritos aos quais nunca tivemos acesso. Com isso, conhecemos trechos de livros nunca lançados, como The Magic Foxhole, que toca na experiência de guerra do autor, um dos capítulos pouco explorados de sua biografia. De certa forma, The Magic Foxhole é simbólico - pois o acesso a ele não é tão difícil, assim como Salinger talvez não fosse tão recluso assim. O manuscrito original está na Universidade de Princeton, assim como outros textos podem ser encontrados no Ransom Centre, no Texas. O que Shields e Shane fizeram foi sentar e estudar esse material - e, com isso, nos oferecem uma visão mais ampla da linguagem, e da vida, do escritor.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.