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Bienal do Mercosul divulga projeto e artistas

Artistas brasileiros são destaque da 5.ª edição do evento, que troca a divisão geográfica por um projeto de curadoria

Por Agencia Estado
Atualização:

A 5.ª edição da Bienal do Mercosul, de 30 de setembro a 4 de dezembro, confirma-se como evento de grande relevância no cenário nacional. Nada surpreendente. Segundo o curador da mostra, o carioca Paulo Sergio Duarte, o fato de o Brasil responder pela metade das 170 indicações não é casual. Em primeiro lugar, ele reflete a importância do Brasil no evento, já que o País não apenas sedia como financia grande parte da exposição - orçada em quase R$ 10 milhões -, que nos últimos dez anos vem colocando Porto Alegre na rota internacional das artes. Mas, segundo ele, a principal razão do peso dado aos artistas brasileiros deve-se à qualidade e importância da produção nacional no cenário internacional. Neste ano, a Bienal do Mercosul abandona a divisão geopolítica por um projeto curatorial mais temático, fugindo da obrigatoriedade de mapear de forma equilibrada a produção da região latino-americana para investigar uma questão que Duarte julga central: a relação da arte com o espaço. A Bienal foi segmentada em quatro diferentes vetores expositivos: Da Escultura à Instalação; Transformações do Espaço Público; Direções no Novo Espaço; e A Persistência da Pintura. No primeiro e mais grandioso núcleo histórico há uma homenagem ao pintor e escultor de Amilcar de Castro (1920-2002). Trata-se da maior exposição já realizada do artista mineiro, afirma Duarte. As outras inserções históricas escapam da idéia de visão retrospectiva. Assim, procura-se estabelecer os elementos em comum entre figuras históricas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e o suíço Max Bill e os artistas em plena ebulição criativa, como Ernesto Neto, Iole de Freitas e Lucia Koch; ou conceber uma linhagem que une uma Adriana Varejão à Maria Leontina, por exemplo. Aliás, apesar do foco sobre o espaço, e conseqüentemente sobre a produção tridimensional, Duarte considera que o projeto da próxima Bienal garante grande ênfase à pintura contemporânea. "Não para aquela pintura gestual, neo-expressionista - quando não decorativa - dos anos 80; mas para esse tipo de expressão mais contido e reflexivo que marca essa linguagem nos nossos dias." No caso das representações vizinhas, que têm apenas como núcleo de origem os membros do Mercosul, mas já se expandiu para o continente latino-americano (contemplando Argentina, Bolívia, Chile, México, Paraguai e Uruguai) e que comparecem em número muitíssimo inferior ao da edição passada, a possibilidade de ampliar sua penetração no público brasileiro e internacional que costuma transitar pelo circuito internacional das bienais, infelizmente, fica bastante reduzida. Ganha-se de um lado, perde-se do outro. Quatro artistas vão realizar obras permanentes para Porto Alegre O curador da mostra convidou quatro artistas nacionais - Carmela Gross, José Resende, Mauro Fuke e Waltercio Caldas - para realizar obras permanentes para a cidade de Porto Alegre. Artistas que pertencem à O núcleo Transformações do Espaço Público tem também sua versão temporária, com um número maior de artistas, mas que inclui algumas figuras de peso da produção contemporânea brasileira, como Nuno Ramos e Nelson Felix. As grandes estrelas internacionais convidadas para a mostra: Ilya e Emilia Kabakov; Pierre Coulibeuf; Marina Abramovic; e Stephen Vitiello. Na verdade, o time é bastante eclético, muito cultuado no exterior, mas pouquíssimo visto no Brasil. Além da pertinência de obras seminais como a de Ilya Kabakov e da abertura das experiências com som promovidas por Vitiello e a íntima relação de Coulibeuf com o cinema, a inclusão dessas representações ajudam a suprir carências estruturais do circuito brasileiro. Confira mostras e destaques Artista homenageado: Amilcar de Castro Transformações do espaço público: Obras permanentes na orla do Rio Guaíba: Carmela Gross, José Resende, Mauro Fuke, Waltercio Caldas Destaques entre as obras temporárias: Bettina Brizuela (Paraguai), Nelson Felix, Paulo Vivacqua Fronteiras da linguagem Destaques: Ilya e Emilia Kabakov (Rússia/EUA), Pierre Coulibeuf (França), Marina Abramovic (Iug/NL), Stephen Vitiello (EUA) Da escultura à instalação A (re) invenção do Espaço - Núcleo Histórico Destaques: Hélio Oiticica, Lygia Pape, Max Bill Núcleo Contemporâneo Destaques: Angelo Venosa, Pablo Vargas Lugo (México), Sandro Pereira (Argentina) A persistência da pintura Experiências Históricas do Plano (núcleo histórico) Destaques: Alfredo Volpi (Brasil), Matilde Perez (Chile), W. Barcala (Uruguai) Núcleo Contemporâneo Destaques: Benj. Ocampos (Paraguai), Mariano Molina (Argentina), Nuno Ramos (Brasil) Direções do novo espaço: Joaquin Sanchez (Bolívia), Lazo (Chile) Miguel Rio Branco (Brasil)

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