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Bienal comemora 50 anos com exposição, livro e site

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dos argumentos daqueles que resistiam ao adiamento da Bienal de São Paulo para 2002 era o fato de que neste ano a instituição completa meio século de vida. Mas os protestos foram em vão e, exatamente no seu aniversário de 50 anos, a Bienal teve sua 25.ª edição adiada. Essa verdadeira gafe no marketing da instituição será contornada pela realização de uma grande exposição em homenagem à efeméride. A comemoração está orçada em R$ 4 milhões, que serão utilizados para financiar a exposição, o lançamento de um livro sobre a história das bienais (escrito pelo crítico Agnaldo Farias), um site na Internet e um banco de dados que terá acesso público. Até a véspera do carnaval tinham sido fechadas duas cotas de patrocínio no valor de R$ 300 mil. O ponto de partida de Bienal 50 Anos - Uma Homenagem a Ciccillo Matarazzo é, como diz o título, a figura de seu criador. Prevista para abrir as portas no dia 23 de maio e ocupar o terceiro andar do Pavilhão da Bienal, a mostra será dividida em três módulos. O primeiro deles terá o aspecto histórico mais evidente. Uma linha do tempo resumirá as 24 bienais já realizadas em um grande painel criado por Chico Homem de Mello. As obras premiadas pelas bienais terão um núcleo próprio. Trabalhos doados pela Fundação ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), 215 ao todo, serão representados por cerca de 50 criações selecionadas pela curadora Helouise Costa, responsável pelo recorte. O terceiro e mais forte núcleo será dividido em três linhas de atuação, com curadorias independentes: uma dirigida às artes visuais (sob a batuta de Maria Alice Milliet e Daniela Bousso), uma voltada à arquitetura (com curadoria de Pedro Cury) e outra dedicada ao design (sob a responsabilidade de Marili Brandão). "A interação entre as várias disciplinas é uma das heranças da proposta do criador da Bienal de São Paulo", explica Carlos Bratke, presidente da Fundação Bienal. "Ciccillo era um homem moderno, multicultural, metropolitano e a homenagem pretende refletir essas características que o distanciam de um colecionador qualquer", prossegue o arquiteto. Ele lembra que na época da realização da primeira mostra o circuito paulistano de artes visuais era bastante limitado comparando-se ao cenário de hoje. "Por isso, era essencial o apoio de outras áreas afins para a realização do evento", conclui. Mariah Villas Boas, uma das coordenadoras do projeto, destaca o caráter prospectivo como uma das marcas da atuação de Matarazzo que será vista na exposição. "Ciccillo era um homem de vanguarda e esse espírito contamina as bienais até hoje", constata. Visão prospectiva - Daí a importância do núcleo contemporâneo, que deixa de fora qualquer visão nostálgica ou passadista da Bienal. A curadora e crítica Maria Alice Milliet explica que a exposição de artes visuais está sendo preparada a partir de uma seleção de projetos que colocam o homem contemporâneo no centro da discussão. "Notei nessa seleção que o foco dos artistas atuantes é cada vez menos egocêntrico e cada vez mais voltado para questões antropológicas e sociais." Em vez de trabalhos sobre o corpo, a morte e outros temas que dominaram os anos 90, as obras que já têm participação confirmada carregam interpretações sobre a vida coletiva, as cidades e a metrópole - mote cada vez mais freqüente nas grandes exposições internacionais, como a própria Bienal de São Paulo. "O Brasil já não é um país rural e todo brasileiro, de alguma forma está misturado à malha urbana", explica Maria Alice. Até agora foram selecionados trabalhos de Lucas Bambozzi, Oriana Duarte, Miguel Rio Branco, Lina Kim, Ana Maria Tavares, Jair de Souza, Caio Reisenwitz, Elyeser Szturm, José Guedes, Maurício Dias e Walter Riedweg (em dupla), Ricardo Ribenboim e Carlos Miele. "O que me chama a atenção em todos esses trabalhos é o surgimento dessa nova sensibilidade, mais voltada para o mundo do que para as questões subjetivas", afirma a curadora. A maior parte das obras faz uso de linguagens contemporâneas, como o vídeo, a videoinstalação e a fotografia. Além das exposições de design e arquitetura, também está sendo preparada uma mostra com os cartazes de todas as edições da Bienal.

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