Biblioteca do Senado recupera 4 mil obras raras

Entre os volumes estão Novus Orbis, de 1633, História Trágica-Marítima, de 1735, e O Orçamento do Império, de 1883

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Por Agencia Estado
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Cerca de 4 mil obras raras pertencentes à Biblioteca do Senado começam a ser recuperadas por uma equipe de 16 especialistas da Universidade de Brasília (UnB) a partir de segunda quinzena deste mês. Entre os volumes, estão Novus Orbis, de Joannes Laet, com 690 páginas, publicado em 1633, que narra a chegada dos holandeses ao Brasil, e a História Trágica-Marítima, de Bernardo Gomes de Britto, publicado em 1735, em três tomos em que são contados os naufrágios das naus de Pedro Álvares Cabral, em 1500, na viagem do descobrimento oficial do Brasil. Pelo convênio assinado entre o Senado e a UnB, a primeira etapa do trabalho de recuperação das obras deverá durar três anos, com possibilidade de prorrogação. No primeiro ano, o Senado pagará R$ 300 mil à UnB. "A princípio, trabalho com o prazo de três anos, mas vai depender do estado das obras", diz Jorge Nélio de Figueiredo, assistente do professor e químico José Carlos Andreolli, que chefiará a equipe de recuperadores das obras. Andreolli é especializado em conservação e recuperação de obras em papel pelas universidades de Sorbonne, em Paris, e de Florença, na Itália. Sua equipe tem no currículo a completa higienização de toda a coleção de Diários Oficiais do Estado de São Paulo. Entre os livros mais raros a serem recuperados, está Flora Brasilienses, Enumeratis Plantarum, de Karl von Martius, em 15 volumes, com 20.773 páginas e 3.811 mil gravuras de árvores brasileiras feitas a nanquim. A publicação de Flora Brasiliensis começou em 1840 e só foi concluída em 1906. Também serão recuperados O Orçamento do Império, de 1883; a correspondência entre Dom Pedro I e seu pai, dom João VI, de 1827; as Ordenações e Leys do Reyno de Portugal, confirmadas por dom João IV, de 1747; o Atlas do Império do Brasil, de 1868, que registra o primeiro estudo sistemático das fronteiras e dos Estados brasileiros, feito por Cândido Mendes, geógrafo do rei. Também constam das obras raras os registros das sessões secretas do Congresso para tratar da questão dos escravos, aos quais os políticos somente podiam se referir como "elemento cativo", e toda a documentação sobre a Guerra do Paraguai. A Biblioteca do Senado é a segunda mais antiga do Brasil. Foi fundada em 15 de maio de 1826. Perde apenas para a Biblioteca Imperial, de 1810. Tem, no seu acervo, aproximadamente 150 mil livros, 4 mil obras de referência (dicionários, enciclopédias, etc.) e 3.600 títulos de periódicos (revistas e jornais). Dispõe, ainda, de mapas, microformas, audiovisuais, recortes de jornais nacionais, CD-ROMs e outros materiais. O acervo é especializado em Ciências Sociais, com destaque para Direito (60% do total) e Ciência Política. Pode ser consultada também pela internet, no endereço www.senado.gov.br/biblioteca.

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