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"Bibi Vive Amália" chega a São Paulo

Por Agencia Estado
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Um espetáculo que promete encantar pela junção de dois grandes talentos dramáticos: a atriz Bibi Ferreira e a cantora Amália Rodrigues. Dirigida pelo português Tiago da Silva, Bibi interpreta 22 canções da fadista portuguesa no espetáculo Bibi Vive Amália, que estréia amanhã, em sessão especial para convidados, inaugurando um novo teatro em São Paulo, o Centro Cultural Santo Agostinho, de 718 lugares. Para o público, Bibi faz apenas três apresentações, neste fim de semana antes de seguir em turnê pelo sul do País, passando por cidades como Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. No palco, a atriz canta acompanhada ao piano pelo maestro Nelson Melin, também responsável pelos arranjos, e por cinco músicos: Vitor Lopes (guitarra portuguesa), Silvino Pinheiro (violão), Álvaro Augusto (baixo elétrico), Jamir Torres (bateria) e Irene Mutanem (acordeom). Em São Paulo, o espetáculo conta ainda com um convidado muito especial na execução da guitarra portuguesa, o músico e compositor Carlos Gonçalves. Além de ter acompanhado Amália por mais de 30 anos, ele também foi parceiro da cantora em canções como Lágrima, que integra o repertório do espetáculo. Partiu de Amália Rodrigues o pedido para que Bibi a vivesse no palco, depois de ter visto a brasileira interpretando Edith Piaf mais de uma dezena de vezes. Bibi apresentou Piaf, a Vida de Uma Estrela da Canção em Portugal em 1989. Antes de mais nada, Amália achou admirável que ela tenha refeito a montagem com atores portugueses, em vez de levá-la pronta do Brasil", comenta Tiago da Silva. Mais que isso, Amália apaixonou-se pela atuação de Bibi. "Ela assistiu ao espetáculo 12 ou 14 vezes", diz o diretor. Amigo pessoal de Amália, Tiago lembra ainda que a cantora chegou mesmo a abortar uma montagem sobre sua vida que vinha sendo preparada em Portugal. "Ela proibiu porque queria a Bibi no papel." Por tudo isso, Bibi Vive Amália começou a ser planejado em 1998. "O roteiro original previa a participação de Amália numa canção e a gravação de um vídeo de um encontro entre ambas, para ser exibido no show." Mas esse encontro nunca chegou a ocorrer. Amália morreu antes. "Na ocasião, Bibi resolveu suspender a montagem." Em dezembro, o projeto foi retomado, obviamente com algumas modificações na idéia original. Em cena, além da atriz e dos músicos, o ator Nilson Raman narra alguns episódios da vida de Amália. Mas a emoção concentra-se mesmo na interpretação de Bibi. Além de cantar, ela reproduz alguns depoimentos da cantora recolhidos em entrevistas. "Não há uma única palavra dita por Bibi que não tenha saído da boca de Amália", enfatiza o diretor. Embora ambos definam o espetáculo como um show, não uma peça, Bibi não se limita a cantar algumas da canções do vasto repertório da fadista: mais de 3 mil músicas. Como aponta o título, ela interpreta Amália. "Eu sou Amália desde a hora que entro no palco até o momento em que saio. Mas não tento imitá-la em momento nenhum e sim apreender a alma, a elegância e a beleza dessa poetisa que, como ela diz em uma de suas canções, num segundo tem 200 anos e, no segundo seguinte, 12. Há nostalgia, mas também momentos alegres no espetáculo." Algumas das alegrias da vida na vida de Amália têm relação direta com o Brasil, País que ela visitou pela primeira vez em 1944 e onde casou em 1961. "Ela morou no Rio", enfatiza Bibi, que destaca como um dos momentos especiais do espetáculo o repertório de canções brasileiras de Amália e suas recordações do casamento no Brasil. Entre os momentos tristes, as recordações de menina pobre. Bibi estudou com afinco a prosódia portuguesa. "Sem dedicação, existiria o risco da caricatura. O brasileiro quando imita o português de Portugal, o faz de forma debochada, como blague", observa Bibi. "Foi um trabalho de ourives, burilamos cada palavra", comenta o diretor. "É muito, muito difícil falar esse idioma com a dignidade de Amália Rodrigues. Para isso trabalhamos cada sílaba", diz Bibi. Bibi Vive Amália - Roteiro, texto e direção Tiago da Silva. Narração Nilson Raman. Sexta e sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. R$ 50,00. Espaço Cultural Santo Agostinho. Rua Apeninos, 118, tel. ( 11) 279-4858, em São Paulo. Até domingo.

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