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Bibi Ferreira, o nome do sucesso

Por Agencia Estado
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Bibi Ferreira é, desde fins da década de 40, precursora de uma tendência que está hoje em plena voga. Nascida em 1924, atriz desde muito cedo, aos vinte e poucos já estava dirigindo montagens. Antecipou-se assim a Bete Coelho, Paulo Autran, Elias Andreato e outros atores que têm dirigido espetáculos com sucesso. Vem pilotando grandes sucessos, entre eles Meno Male, Caixa 2 e Gato Vira-Lata, as três de Juca de Oliveira. Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aída Izquierdo Ferreira, a futura Bibi, batizada como Abigail Izquierdo Ferreira, estreou aos cinco dias de idade, no papel de um bebê de colo, é claro, na peça Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna. Aos 5 anos já estava fazendo teatro regularmente e, aos 23, já era dona de uma companhia própria. A atriz esteve presente em alguns dos maiores sucessos do teatro brasileiro, entre eles os musicais americanos My Fair Lady, O Homem de la Mancha, na biografia teatralizada Piaf e em Gota d?Água, adaptação da tragédia grega Medéia, de Eurípedes, assinada por Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes. Bibi Ferreira é uma das poucas unanimidades do teatro brasileiro. Todos os atores que cruzam seu caminho profissional não hesitam e consideram-na uma profissional modelar, quando não uma mestra. É o caso de Juca de Oliveira, que afirma ter descoberto o prazer de ensaiar depois que foi dirigido por ela em Meno Male. A cantora, atriz e diretora, que recentemente assinou a encenação das óperas Carmen e Rigoletto, no Rio, não tem dúvida do que a levou para a direção. ?Foi minha experiência como atriz?, afirma. ?O que eu aprendi representando, apliquei quando comecei a dirigir.? Em sua primeira direção, nos anos 40, ela enfrentou um mito: dirigiu Procópio Ferreira. E não parou mais. ?Respeito o ator, e sei que dirigir é ensaiar?, diz. ?Estudo a cena em casa, sei o sentido que deve ter, mas nunca trago a marcação pronta para a sala de ensaios. Seria perda de tempo?. A artista, que sabe até tocar violino, diz: ?Quando trabalho, tenho uma visão 100% objetiva. Dizem que sou uma mulher de teatro, mas acho que sou de fato uma profissional do teatro. A regra mais importante é que temos de explicar as coisas com simplicidade?. Bibi Ferreira não requer muita coisa para chegar à direção de uma peça: ?Preciso entender a ambientação, a música do texto?, diz. E afirma que espera pela noite de estréia como se fosse viver uma noite de amor. ?Tenho paixão pela platéia, e fico sempre me perguntando como o público vai reagir, onde vai rir, o que vai fazer. Espero por isso com uma ansiedade enorme. A primeira noite de um espetáculo é a mais emocionante.? A diretora/atriz não gosta de ensaios prolongados. Se lhe propusessem trabalhar oito meses ou um ano na direção de um espetáculo, recusaria. ?Ensaiamos Letti e Lotte durante cinco semanas, e não foi preciso mais que isso. Se se ensaia muito, o espetáculo apodrece, os atores começam a ficar inquietos, a querer estrear.? As qualidades essenciais de um diretor, segundo ela, são ?disciplina, respeito aos horários e talento logístico?. Quanto às estratégias de logística, não precisou estudar Da Guerra, de Von Clausewitz. Descobriu os princípios da organização de maneira bem mais prosaica. ?Foi na geladeira de minha casa. Quando a gente tem de arrumar a geladeira e guardar as compras da feira, descobre que a organização é a alma da coisa. Daí percebe-se que encaixando um pote em cima do outro, arrumando as verduras aqui e as carnes ali, tudo entra no lugar. Isso é logística, e em teatro as coisas não são muito diferentes.? De acordo com essa visão, o espetáculo teatral é um jogo de armar que tem de ser articulado com precisão e segurança. ?Rosamaria Murtinho diz que eu sei o que quero?, afirma Bibi. ?Tenho de saber. Direção é um trabalho de inspiração. Importante é ser amorosa, carinhosa e atenciosa com o ator.?

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