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Bianca Rinaldi, quase um xerox de Lucélia Santos

A versão de A Escrava Isaura da Record vai respeitar fielmente a obra original de Bernardo Guimarães. Bianca Rinaldi já virou praticamente um xerox de Lucélia Santos

Por Agencia Estado
Atualização:

Qualquer vovó sabe que ´falar enredos e intrigas na cozinha´ é muito divertido. Quem não conseguiu entender do que se trata, pode preparar os ouvidos. Um vocabulário rebuscado vai tomar conta da TV a partir do dia 27 de setembro, data de estréia de A Escrava Isaura na Record. Seria bem mais fácil dizer ´fazer fofoca na cozinha´, mas as moças do século 19 não conheciam tal expressão. No romance, escrito em 1875 por Bernardo Guimarães, as damas da sociedade falam difícil, tocam piano e bordam como ninguém. Na versão da obra criada pela Record, nada deve mudar. "O livro será totalmente respeitado, com criação livre de Tiago Santiago, que fez a adaptação para a TV", explica Herval Rossano, o diretor da novela. Antes que as comparações com a primeira versão televisiva da obra comecem a surgir, Rossano avisa: "Nossa adaptação não será nada parecida com aquela feita por Gilberto Braga em 1976". Naquela ocasião, o folhetim fez tanto sucesso na Globo, que foi exportado para mais de 80 países. Lucélia Santos, imortalizada como a escrava branca que fugia das maldades de seu senhor, ouve elogios até hoje por seu desempenho. Na Record, a protagonista será Bianca Rinaldi. Ex-paquita, ex-contratada da Globo e ex-contratada do SBT, a garota se prepara para encarar sua primeira novela de época. "Sou expansiva demais, falo com as mãos, sabe? Para fazer esse papel, tive de aprender a ter modos mais discretos e a sorrir sem mostrar os dentes", brinca Bianca. Como tem só 29 anos, ela nem se lembra da primeira versão do romance na TV. "O jeito foi ler o livro outra vez. Conheci a história no colégio, mas já não me lembrava dos detalhes. Para compor o personagem, também aprendi a tocar piano e tive aulas de dança", conta. Ainda que seja cruel comparar obras separadas no tempo por quase 30 anos, a semelhança entre as duas protagonistas impressiona. Vestida a caráter, Bianca é praticamente um xerox de Lucélia. Até o crucifixo de madeira pendurado no pescoço é absolutamente igual. O ator Leopoldo Pacheco, que vive o lendário vilão Leôncio. Quem ainda se lembra dele como o amável Samir da minissérie Um Só Coração deve se surpreender com seu novo tipo: um homem muito mau, capaz de castigar sem piedade uma escrava indefesa. "Ainda bem que interpretei um bonzinho antes. Agora, posso fazer um malvado sem que ninguém fique com muita raiva de mim", brinca o ator. As gravações começam no próximo dia 3, na fazenda Santa Gertrudes. Localizada a 180 km da capital, a propriedade também serviu de cenário para Esperança, novela exibida pela Globo em 2001. Na sede da Record, na Barra Funda, em São Paulo, estúdios estão sendo reformados e adaptados para abrigar cenários para as gravações internas bem como salas para figurinistas e cenógrafos envolvidos na produção. Se a montagem vai repetir o sucesso da antiga versão? A Record não tem dúvidas. "Esperamos o mesmo ou maior sucesso, já que a tecnologia televisiva em muito se adiantou nos últimos anos. Além disso, essa nova versão será gravada em alta definição", diz Rossano. Segundo ele, a novela será exibida também pela Record Internacional. Os chineses vão amar. Na época em que Lucélia deu vida a Isaura, foram vendidos 500 mil exemplares da tradução do livro de Guimarães para o chinês. Gilberto Braga, que fez a primeira adaptação do romance para a TV, também acredita em seu poder. "É uma história muito forte e hoje pode ser contada com muito mais recursos. Na época, tivemos uma produção super modesta. Quanto ao enredo, será preciso inventar, pois o romance quase não tem ação. Mesmo assim, é uma espinha dorsal maravilhosa", comenta. Feliz com a iniciativa da Record, Braga diz que pretende acompanhar a trama. "Gosto da idéia de ver uma nova versão na tela. Sou a favor da abertura de mercado. Vou ver a novela, na medida do meu tempo disponível", promete. Se recebesse hoje a missão de remontar a trama, o autor já sabe até quem escalaria para o elenco. "Para fazer o mocinho Álvaro chamaria o Fábio Assunção e para interpretar o vilão Leôncio escolheria Marcos Paulo. Já para viver Isaura, eu procuraria uma estreante."

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