Banda Jazzco lança hoje primeiro álbum 'Fevereiro'

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Por Roger Marzochi
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Não é exagero dizer que "Fevereiro" nasceu em 28 de agosto de 1974, no primeiro show da Banda Jazzco, no Ibirapuera. Afinal, o primeiro disco da banda, que será lançado hoje, é reflexo da trajetória dos integrantes do grupo, num entra e sai, num para e volta, que mais a faz parecer um "motel", como o grupo chega a se "indefinir" em seu site na web. No começo era pop-funk-hippie, com guitarra, baixo, bateria, percussão, naipe de metais e um cantor, cujas aventuras sonoras levaram os jovens ao I Festival de Iacanga, em Iacanga (SP), em janeiro de 1975, num lance completamente pirado. "Tinha repressão política e sobrava loucura", lembra Amador Bueno, 58 anos, um dos sobreviventes à banda desde o início, hoje com 11 integrantes. "Do palco eu via uma família, e atrás um bando de hippies pelados."A banda parou depois de uma série de trágicos acontecimentos num show em Apucarana (PR), em julho de 75. O filho do prefeito queria cantar, mas quando subiu ao palco, disse que não estava mais em perfeitas condições. "O filho do prefeito estava louco e não conseguiu tocar. O pai saiu dando tapa nele no palco. Aí, chamaram a gente para tocar. E entrou um baixista convidado pelo cantor, que alucinou, tocou tudo errado. O cantor ainda colocou um caminho de pólvora, para explodir no início do show. Quando caí ajoelhado no chão, vi o montinho de pólvora e já era tarde, pulei na hora que aquilo explodiu", ri ao lembrar do momento quase Michel Jackson de sua carreira. Mas o que você estava fazendo no chão, logo no início do show? "Tocando guitarra", diz o músico, que agora leva o swing da banda para o contrabaixo elétrico.A banda acabou, mas na década de 80, voltou com a proposta de se concentrar em música instrumental, sem cantores! Sem traumas também, até porque os temas que estarão em "Fevereiro", inclusive a própria música batizada com o nome do segundo mês do ano e que dá título ao disco, é o mais puro jazz instrumental brasileiro, com influência do samba, frevo e jazz americano, por que não? E o alto nível das improvisações, que rolam entre a execução de cada tema, fecha o ciclo do jazz.O disco terá quatro composições do guitarrista Milton Belmudes, apresentado a Bueno em 1980, marcando o ressurgimento da banda. Entre elas a "Cogumelo Tropical", cujo tema gruda no ouvido. "A Cogumelo Tropical nasceu de situação onomatopéica. Essa música a gente dizia que era o Tema da Vaca (risos). E uma jornalista do Rio, a Dulce Tupy Caldas, achou ruim e sugeriu Cogumelo Tropical." Uma outra música vem do próprio Bueno, "Sambalombra". "Novo Brasileiro", do trombonista da formação atual da banda, o americano Todd Murphy. "Frevo", música de Petronilo Malaquias, pai do saxofonista Cacá Malaquias, que também participou da banda. E "Na Capital", do trompetista Rubinho Antunes.A banda faz parte do Movimento Elefantes, que reúne dez big bands, e realizou um show na última segunda-feira, no Teatro da Vila, para apresentar as músicas do disco. O anúncio do show não saiu em jornal nem internet, mas o teatro estava lotado, na publicidade boca-a-boca e com ajuda da ação de marketing do próprio movimento e da banda. "Só no nosso mailing, temos mais de 38 mil nomes", conta. "Agora é que conseguimos fazer o CD, porque está no padrão de qualidade. Parece que quem não tem disco é um nada, um zero à esquerda. Agora, seremos o próprio zero!", brinca o músico.

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