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Bailarino brasileiro brilha em produção do Royal Ballet

Thiago Soares recebeu elogios da crítica protagonizando o espetáculo 'Jewels'.

Por Mônica Vasconcelos
Atualização:

O bailarino brasileiro Thiago Soares tem recebido elogios da crítica especializada britânica dançando um dos papéis principais em uma nova montagem do balé Jewels, apresentada pela prestigiosa companhia britânica Royal Ballet. Esta é a primeira vez que o Royal Ballet dança a famosa criação do coreógrafo russo George Balanchine, que teve sua première em Nova York, em 1967, e é considerada um grande desafio para qualquer companhia. Jewels (jóias) é dividido em três atos, inspirados em três pedras preciosas: a esmeralda, o rubi e o diamante. No terceiro ato, inspirado no diamante, Balanchine homenageia a grande tradição do balé russo. E é neste momento que Thiago Soares, bailarino principal do Royal Ballet, entra em cena acompanhado da parceira, Marianella Nunez. Na opinião do crítico do jornal britânico Observer, o dueto de Soares com Nunez é o ponto alto do espetáculo "Eu queria muito fazer o papel, e esperava fazê-lo, já que tenho o tipo físico e as características ideais para ele", disse o bailarino à BBC Brasil. O brasileiro começou a dançar balé clássico aos 16 anos de idade. Antes disso, aprendeu técnicas de circo, praticava capoeira e dançava hip hop. Depois de vencer competições internacionais em Paris e Moscou, Soares foi bailarino principal no Balé de Moscou, antes de ser admitido no Royal Ballet, em 2002. "Não podemos esquecer que o Nureyev, o maior bailarino do mundo, começou a dançar aos 16 anos de idade", diz o brasileiro. "Quando eu comecei, estava mais maduro e sabia o que queria." "Meu corpo já estava trabalhado pela capoeira e, por causa disso, me machucava menos", acrescenta. "Claro que tive de trabalhar duro na técnica, mas a diferença na formação é uma coisa muito relativa." Hoje, aos 26 anos, já protagonizou clássicos como O Lago dos Cisnes, Quebra Nozes e A Bela Adormecida, entre outros. Segundo o mestre de balé do Royal Ballet, Christopher Saunders, a personalidade latina de Soares é uma grande aquisição para o Royal Ballet. "É eletrizante", disse Saunders. "A dança latino-americana é empolgante e rítmica, e Thiago traz um pouco dessa empolgação." Soares admite que o temperamento latino é um fator importante no seu jeito de dançar. "Nosso jeito de nos mover, de pensar um personagem, é diferente", afirma. "Eu uso muito isso no meu trabalho, e funciona." "No Brasil, copiamos demais o que os estrangeiros fazem e esquecemos de copiar a nós mesmos", avalia. "Temos uma riqueza cultural imensa e temos de aprender a tirar proveito disso." O bailarino diz, no entanto, que aprendeu muito com o Royal Ballet. "Eles têm refinamento e elegância." "No Brasil, fazemos tudo o que eles fazem, mas damos demais o tempo todo. Os ingleses sabem quando reservar aquela energia e quando dar tudo", conta Soares. "Aqui, aprendi por que fazer um movimento e quando." "Além disso, o Royal Ballet é a única companhia no mundo que consegue juntar teatro e dança", diz o brasileiro. "Você não está só dançando, como também interpretando um personagem. Isso sempre me atraiu na dança." Os jornais britânicos têm dado atenção especial à parceria entre Thiago Soares e a bailarina Marianella Nunez. Juntos, os dois já protagonizaram vários espetáculos do Royal Ballet. E fazem par romântico também na vida real: vão se casar em 2008. Para o bailarino, poder trabalhar com a pessoa que ama é um privilégio. "Muita coisa ali não é interpretação", afirma. Ainda em dezembro, Thiago Soares se apresenta no Brasil. Ele vai dançar o Quebra-Nozes com o Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. "Tenho muito interesse em fazer um trabalho no Brasil, levar um pouco do que aprendi e ajudar a criar a nossa história." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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