PUBLICIDADE

Bailarina russa traz "La Bayadre" ao Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

A bailarina e coreógrafa russa Natalia Makarova teve uma grata surpresa quando chegou ao Rio para montar sua versão do balé La Bayadre, no Teatro Municipal do Rio. Além de rever Fernanda Diniz e Cecilia Kerche, que já conhecia de outras ocasiões, encontrou um grupo com um alto nível técnico e talentos individuais (como Tiago Soares, citado por ela) que não lhe deram trabalho para explicar a performance que espera deles. "Isso é tudo que preciso para montar minha versão de La Bayadre, que exige do grupo uma técnica e um trabalho de primeira bailarina", disse ela na coletiva que deu na noite de ontem, após o primeiro dia de ensaio. "Não dou esse balé para qualquer companhia, só para aquelas em que confio." Foi por isso que o grupo esperou quase 14 anos para montar essa versão da história de amor entre a bailarina do templo e o guerreiro indiano. "Em 1986, na minha primeira gestão, pedi a ela que montasse só o Ato das Sombras, porque a companhia ainda não tinha maturidade nem técnica suficientes para o balé inteiro", contou a diretora do Teatro Municipal, Dalal Aschar. "Agora era necessário, porque um trabalho desse com uma artista como a Natalia, representa um pulo de dez anos em amadurecimento." "Polimento final" - Antes de chegar, Natalia mandou uma assistente para passar todos os quatro atos do balé: os três dançados normalmente e o quarto, criado originalmente por Petipa mas esquecido. Ela o recriou com base em pesquisas feitas nos Estados Unidos e lembranças do que ouviu ainda criança na Rússia. "Meu trabalho é dar um polimento final e passar meu espírito, tirando de cada bailarino o que ele tem de melhor", explicou a bailarina. Até a estréia do balé, no dia 17, Natalia vai trabalhar com eles seis horas por dia, quatro com todo o grupo e duas com os solistas. "Não quero que eles copiem meu estilo porque este é um trabalho criativo e não dogmático." A viagem ao Brasil ocorre no meio de um turbilhão de compromissos da ex-étoile do Balé de Kirov e do American Ballet Theater. Além de acompanhar várias montagens de La Bayadre pelo mundo afora, ela fez até junho uma temporada como atriz na peça Blith Spirit, de Noel Coward, em Londres, e está criando uma nova versão do clássico Giselle, com o Balé Real da Suécia. Tal como em La Bayadre, ela pretende aprimorar a dramaticidade da coreografia e atenuar a pantomima, cortando algumas partes e acrescentando outras. "O público de hoje quer isso, muito mais que bailarinas frias, que dançam só tecnicamente", teorizou ela, pouco antes sair para o hotel em Copacabana onde está hospedada. Com seu tipo mignon contrastando com um jeito voluntarioso de quem está acostumada a ser obedecida, la Makarova ainda elogiou o corpo de baile do Municipal. "É um grupo muito bom e coeso, com bailarinos que têm nível para dançar em qualquer grande companhia do mundo", disse ela. O resultado de seu trabalho poderá ser visto em oito récitas, entre os dias 17 e 26.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.