23 de agosto de 2010 | 00h00
Tudo fluiu com naturalidade e sabor e era perfeita a integração entre Zuckerman e Jessica. No concerto de Haydn, ele brilhou sozinho, regendo com o arco e solando.
Na segunda parte, prosseguiu o clima de fluidez. A mesma singeleza frequentou as duas peças curtas para violoncelo e orquestra de Max Bruch, mediano contemporâneo de Brahms que cortejou o autor do Réquiem Alemão dedicando-lhe sua primeira sinfonia em 1870. Os temas até que são bonitos. Brahms apostou nele quando o conheceu; mas depois se decepcionou. Em todo caso, é música agradável, fácil mesmo, que quase nada exigiu da solista Amanda Forsyth.
Àquela altura, a atmosfera de beleza dominava o ambiente. Talvez por isso, Pinchas Zuckerman manteve a delicadeza nas Variações Sobre Um Tema de Haydn, de Brahms. E acertou em cheio, já que a obra opera o prodígio de ocultar complexos exercícios no trato orquestral sob camadas de música que soam levíssimas.
Brahms, não devemos esquecer, foi o primeiro compositor do século 19 a olhar para trás e fazer um esforço consciente para integrar o cânone dos grandes compositores. Por isso, nessas variações ele comenta e ressalta elementos das obras de Beethoven, Mozart, Bach e, claro, Haydn, como bem observa o musicólogo Michael Beckerman.
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