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Bach e Chekhov embalam coreografia de Taiwan

De volta a São Paulo, Cloud Gate apresenta novo trabalho

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Os bailarinos da Cloud Gate Dance Theatre já se apresentaram em um palco coberto de grãos de arroz. Na turnê seguinte, inundaram o cenário de água para encenar Moon Water. Novamente em São Paulo, a célebre companhia de dança de Taiwan promete manter o estilo e não deve deixar o palco nu. Em Whisper of Flowers, trabalho que o grupo mostra a partir de amanhã no Teatro Alfa, os bailarinos agora dançam sobre 300 quilos de flores. "Penso o palco como parte integral do trabalho, e não como "cenário"", disse o diretor e fundador da companhia, Lin Hwai-Min, em entrevista ao Estado. "Uso tudo aquilo que me parece necessário. E isso podem ser grãos de arroz, água, ou mesmo transformar o espaço em um pequeno lótus, com folhas e flores. Espero que o palco não apareça apenas como decoração, mas que seja capaz de interagir com o público." O mote para a nova coreografia veio de uma obra clássica do teatro realista do século 19, O Jardim das Cerejeiras, e, não por acaso, o espetáculo passou por Moscou neste ano. Na ocasião, integrou a seleção do Festival Anton Chekhov, que comemorava os 150 anos de nascimento do autor russo, e foi encenada ao lado de outras peças - de teatro e dança - criadas também sob encomenda para a efeméride. Apesar da inspiração declarada, a coreografia não teme abandonar personagens e o enredo do texto original para deter-se em um conceito mais fluido: a passagem da juventude à maturidade. No palco, repleto de pétalas vermelhas feitas de seda e tomado por um vento incessante, surgem 20 bailarinos. Ao fundo, uma parede de espelhos reflete os corpos de trajes coloridos, a se movimentarem em um bailado festivo. Na segunda parte do espetáculo, porém, esse tom solar recrudesce. A iluminação vai minguando até reduzir-se a poucos focos de luz e os figurinos resumem-se a faixas esmaecidas, como se a sugerir uma nudez dos intérpretes.Para a trilha sonora, Hwai-Min elegeu as Seis Suítes para Violoncelo, de J.S. Bach. Mesma escolha de sua criação anterior, Moon Water, que foi saudada pelo New York Times como melhor espetáculo de dança de 2003. "Amo a música de Bach e as suas Seis Suítes para Violoncelo são maravilhosas para dançar. Por isso, usei metade delas no Moon Water, e a outra metade, agora", comenta o diretor.

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