Australianos revolucionam o circo

Fundado em 1978, o Circus Oz não tem animais nem personagens caricatos e incorpora técnicas de teatro e crítica social

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Por Agencia Estado
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É possível um circo sem animais, sem figuras caricatas ou personagens tradicionais? Os integrantes do Circus Oz garantem que sim. Desde 1978 o grupo encanta platéias de todo o mundo com estilo próprio, contemporâneo. Neste fim de semana e no próximo, a trupe invade o palco do Teatro Alfa para integrar as atrações do 6.º Cultura Inglesa Festival. Com sede em Melbourne, Austrália, a companhia diferencia-se das demais por acrescentar às técnicas tradicionais do circo, crítica social, música ao vivo e elementos do teatro. Todos os números e personagens são elaborados em conjunto, por artistas e diretores. "O Circus Oz é um produto de esforços coletivos. Produzimos de modo pós-moderno com contribuições em níveis diferentes. Cada um dos 12 artistas traz as próprias idéias criativas ao processo. A maioria dos números envolve todo o elenco, o espetáculo é concebido pela companhia e viabilizado pelo diretor", comenta o diretor Mike Finch. Os resultados tanto da técnica como do teatro e música são testados em áreas específicas para treinamentos. A companhia surgiu em um período em que as tradicionais famílias comandavam o maior espetáculo da terra. Trupes grandes como o Cirque du Soleil contribuíram para modificar o perfil do circo, sem deixar de lado as velhas técnicas e tradições. O Circus Oz é responsável pela introdução do Novo Circo, uma aproximação do circo com a dança e o teatro, sem a presença de bichos no picadeiro. "Quando começamos, a maioria dos circos ao redor do mundo era muito tradicional. Essas companhias usavam animais, muita música mecânica, se apresentavam em tendas e a maioria refletia estereótipos do gênero, como homens fortes e mulheres graciosas." O grupo australiano optou por um novo caminho. "Escolhemos não usar animais, utilizamos música original e ao vivo e demolimos estereótipos. Mas não deixamos de lado dedicação, sangue, suor e lágrimas." A proposta de Finch era fazer algo diferente e ao mesmo tempo ligado à cultura local. "O Circus Oz quis criar algo original para o público australiano. Rejeitamos a cultura européia e americana e produzimos algo que tivesse referências na Austrália." No picadeiro, acrobatas, contorcionistas, palhaços e músicos impressionam a platéia. A trupe estabelece forte relação com o público. Quanto ao Brasil, o grupo não possui muitas referências. "Sabemos pouco sobre o circo no Brasil. Tivemos conosco um trapezista brasileiro, o Rodrigo Matheus, e atualmente ele está trabalhando como tradutor", diz. Matheus é um dos idealizadores, administrador, ator e autor dos textos montados pelo grupo Circo Mínimo. O nome desse multiartista está ligado à introdução do Novo Circo no Brasil. Serviço - Circo Oz. O espetáculo integra o 6.º Cultura Inglesa Festival. Sexta-feira e dias 29 e 31, às 21 horas; domingo, às 18 horas; amanhã e dias 30 e 1.º, às 16 horas e às 21 horas. De R$ 22,50 a R$ 55,00 (estudantes); e R$ 45,00 a R$ 110,00. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 72, tel. 5693-4000. Até 1.º/6

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