Acostumados a analisar temas abstratos, como a constitucionalidade de leis e emendas, mas que dizem respeito a pontos importantes da vida de todos os cidadãos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão diante de um processo excêntrico - e nada relevante. Os integrantes da 2ª Turma do STF começaram a julgar hoje um habeas-corpus pedido pelo diretor de teatro Gerald Thomas que, em reação às vaias da platéia carioca que assistia a uma montagem da ópera Tristão e Isolda, no Teatro Municipal do Rio, abaixou as calças e mostrou as nádegas e a cueca verde. Com a ação, Gerald Thomas pretende se livrar da possibilidade de ser processado pelo ato. Relator do habeas-corpus no STF, o ministro Carlos Velloso concluiu que o gesto poderá ser considerado obsceno. Por esse motivo, ele votou contra as pretensões do diretor de teatro. Velloso observou que a evolução cultural da humanidade fez com que a nudez fosse apresentada freqüentemente nos veículos de comunicação. Mas ele afirmou que, nem por isso, o ato deixa de ser ofensivo ao pudor público. Depois desse voto, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.