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Ativistas põem a "Vogue" na mira

Entidade de defesa dos animais lançou uma intensa campanha contra a editora da revista americana, em protesto contra o uso de peles

Por Agencia Estado
Atualização:

A atual briga entre Anna Wintour e o grupo ativista People for the Ethical Treatment of Animals (Peta) poderia estar passando em branco, já que a pequena organização dificilmente teria condições de "derrotar" a poderosa editora da Vogue americana. O problema é que este é um daqueles assuntos que a imprensa adora, e a editora não é exatamente conhecida por sua simpatia. A entidade de defesa dos animais não deve conseguir mudar a linha editorial da revista em relação ao uso de peles, mas está dando uma boa dose de mau-humor à jornalista. A briga de Wintour com a entidade de proteção aos animais vem de longa data, com o ponto alto sendo o despejo de um animal morto em seu prato de comida no sofisticado restaurante Four Seasons, no fim dos anos 90. Ela pediu ao garçom que o prato fosse trocado e continuou comendo. A Vogue é considerada uma das revistas que mais apóia o uso de peles. Em breve, a editora vai receber uma homenagem dos produtores de peles do Canadá, por seu "apoio à indústria". A revista também esnoba anúncios (pagos) de entidades pró-animais. Uma propaganda da Peta que trazia a brasileira Fernanda Tavares vestindo roupas da vegetariana Stella McCartney, fotografada por Todd Oldham, nunca conseguiu ganhar as páginas da Vogue. A nova estratégia da Peta é "cobrir" Nova York com um pôster que traz uma imagem nada agradável da editora, acompanhada da frase: "Pele é usada por animais bonitos e gente feia." O tema da nova campanha anti-peles faz um trocadilho com o nome da revista: "Anna Wintour - mantendo a crueldade em voga." Os cartazes começam a ser colados hoje. Ativistas da organização fizeram uma manifestação ontem em frente ao prédio da editora Condé Nast, em Times Square. O tamanho do protesto chegava a ser constrangedor: cerca de 20 pessoas seguravam cartazes acusando a crueldade de Wintour e espirravam sangue falso pela entrada do prédio. Cinco deles acabaram presos e a repercussão na imprensa local foi grande. Classe e poder - Se a obsessão de colunas de fofocas pela editora é um fato na cidade, o poder que ela exerce no mercado também impressiona. A agência de publicidade que havia sido contratada para produzir os cartazes da Peta desistiu na última hora porque não queria se indispor com a Condé Nast. A rede de TV CBS também proibiu a vencedora do último Survivor (a versão americana de No Limite) de aparecer em uma campanha da Peta depois do último episódio da guerra com Wintour. Publicamente, a editora mantém a classe. Na noite de ontem, ela recebeu o prêmio pelo conjunto de sua carreira, na premiação organizada pelo Council of Fashion Designers of America (no qual ela tem grande influência há muito tempo). Ela chegou a fazer um simpático discurso e disse que sua única conquista importante são os filhos. A Peta promete esticar a campanha por todo o verão americano, com a distribuição de cartões-postais com telefones e emails pessoais da editora. Eles também prometem colocar cartazes na vizinhança em que ela mora, no Greenwich Village.

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