Assalto de cinema

Roubo do Banco Central de Fortaleza, em 2005, inspira o longa de estreia do ator e diretor de TV Marcos Paulo

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

Experiência. Marcos Paulo (à esquerda) dirige os atores Milhem Cortaz (à direita) e Cassio Gabus Mendes em cena do longa "Assalto ao Banco Central"

 

 

  Cinco anos atrás, ao assistir ao noticiário sobre o maior roubo a banco que o Brasil já viu - o segundo mais rentável do mundo -, o ator e diretor Marcos Paulo pensou: "Isso é absolutamente cinematográfico." A produtora Walkiria Barbosa, diretora executiva da Total Entertainment (dos blockbusters

Se Eu Fosse Você

e

Divã

), teve a mesma sensação. Os desejos dos dois convergiram, outros talentos se juntaram ao projeto, e o resultado é

Assalto ao Banco Central

, a primeira incursão de Marcos c0mo diretor de cinema, depois de 40 anos de teledramaturgia.

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O crime foi em Fortaleza, mas a maior parte das filmagens se deu no Estado do Rio. Terminaram ontem, na cidade de Arraial do Cabo. Há duas semanas, o Estado acompanhou as gravações nos jardins do Museu da República, no Catete, transformado numa praça onde o protagonista, o Barão (Milhem Cortaz), se encontra com o personagem de Antônio Abujamra, que faz uma participação no filme como um informante. Ex-funcionário do banco, ele lhe passa a planta do cofre a ser arrombado e a disposição das câmeras e dos sensores de movimento, tudo para que o bando aja sem ser percebido.

Marcos gravou rapidamente - sabe bem o que quer, a despeito de ser "iniciante", e está aberto a ouvir os companheiros mais experientes no mundo do cinema, garantem os envolvidos na produção. Teve de refazer takes por conta do barulho dos aviões (o museu é próximo do Aeroporto Santos Dumont) e do tráfego (buzinas, freadas, música alta repentina), mas não se irritou. Afinal, está realizando uma vontade antiga (para isso, contou com uma dispensa da TV Globo).

De tudo o que aconteceu entre os dias 6 e 7 de agosto de 2005, um fim de semana em que R$ 164 milhões foram roubados do Banco Central do Brasil, muito jamais foi descoberto - os assaltantes, parte deles presa, não confessaram o crime até hoje. Eles conseguiram chegar ao dinheiro porque construíram um túnel de 78 m de comprimento e 70 cm de diâmetro, a 4 m de profundidade, que ligava uma casa, onde se escondiam, ao banco.

No filme, que tem roteiro de Renê Belmonte (de

Se Eu Fosse Você

) a história foi romanceada. Milhem faz um assaltante de origem rica, que arregimenta os comparsas lhes prometendo R$ 1 milhão pelo trabalho. É o cérebro do grupo, e não precisa levantar a voz nem usar da força física para se impor.

"O Barão é um homem inteligente, estrategista, que não anda armado o tempo todo. É vaidoso, se veste bem e não tem senso de humor", diz Milhem, que, a exemplo do que ocorreu em Tropa de Elite, trabalhou com a preparadora de elenco Fátima Toledo - teve só uma semana para se livrar do corrupto PM Fábio, de Tropa, agora coronel, e encarnar o bandidão. Foi um mês de trabalho com Fátima, do qual participaram também os outros integrantes da "quadrilha": Eriberto Leão, Hermila Guedes, Gero Camilo, Heitor Martinez, Fabio Lago, Vinícius de Oliveira. As personagens de Lima Duarte e Giulia Gam são delegados federais que investigam o crime.

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Esse é o primeiro filme de ação da Total, que se dedica mais a comédias românticas. Para Marcos, é um "filme de tensão". A maior delas, dentro do túnel, quente, insalubre, claustrofóbico. "As duas coisas que mais me fascinam são a precisão cirúrgica do assalto e imaginar como foi a relação desses homens dentro do túnel. O que realmente aconteceu ninguém nunca vai saber." Serviram de subsídio as notícias sobre o caso e laudos policiais.

A vontade de fazer cinema já existia, mas não a ansiedade que costuma acompanhar um primeiro projeto, ele garante. "Eu estava bastante relaxado, porque sabia que um dia isso ia chegar. Queria que fosse com uma história que eu curtisse muito, e foi".

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