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Palco, plateia e coxia

As uruguaias estão chegando

Narrativas rio-platinenses estão prestes a invadir o teatro, a literatura e o cinema do Centro Cultural B_arco

Por João Wady Cury
Atualização:

As vozes femininas uruguaias vão dominar o teatro, a literatura e o cinema a partir de 18 de outubro no Centro Cultural B_arco, em Pinheiros. O ciclo inicia-se com a peça Las Orientales, solo da atriz Paula Cohen a partir dos escritos de autoras uruguaias como Delmira Agustini, Idea Vilariño e Marosa Di Giorgio. Trata-se de um velho sonho da atriz trazer as narrativas das poetas rio-platinenses para o Brasil, pois são praticamente desconhecidas por aqui – de todo, como a dramaturgia e a literatura latino-americanas por conta das escassas traduções no mercado editorial brasileiro. Filha de pais uruguaios, Paula vem tentando furar esse bloqueio e o evento no B_arco é um ótimo exemplo disso.

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EX-GORDO NA TORRE 

Uma ideia que surgiu há oito anos, durante um ensaio comandado pelo diretor Antunes Filho na preparação das cenas de uma das versões da peça Prêt-à-porter, está vingando somente agora. O ator Fernando Aveiro criou a cena com dois personagens, um gordo religioso e uma travesti. Hoje a história acabou tomando outro rumo e passou a se chamar Ex-gordo (foto à direita). É a meiga história de, literalmente, um ex-gordo, que fica ilhado no 48.º andar de um prédio. O rapaz é acompanhado de um grupo de atores; encenam semanalmente espetáculos em que o próprio ex-gordo é o protagonista. Para colorir e dar sentido às narrativas, agrega figuras de sua memória para tentar se curar das dores do passado e, quem sabe, voltar ao convívio social. Além de autor e diretor, Aveiro está no elenco, que tem Bárbara Salomé, Camila Biondan, Humberto Caligari e Murilo Inforsato. Estreia marcada para 24 de outubro no teatro do Sesc Ipiranga. 

ONDA QUE SOBE

A grita geral na terra da rainha agora tem endereço certo. De um lado, os administradores do The Rose, teatro histórico do bom e velho Will Shakespeare, reclamam que já sentem os reflexos do Brexit e a queda no faturamento das produções nos últimos seis meses já é visível. De outro lado, iniciou-se um boicote do público jovem às produções da Royal Shakespeare Company (RSC), por conta do patrocínio da British Petroleum à entidade. 

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NO BICO DO CORVO 

No décimo aniversário do White Light Festival, do Lincoln Center, a atração que deixa sem fôlego tem nome: The Love Suicides at Sonezaki. A peça, apresentada em 1703, no Japão – depois banida por 200 anos –, mostra o suicídio de um jovem órfão, funcionário comercial de uma empresa, chamado Tokubei, e a cortesã por quem está apaixonado, Ohatsu. Nem o bom e velho Will Shakespeare pensaria em algo tão arrebatador. O banimento se deu por conta do escândalo provocado pela peça. Apresentada com bonecos bunraku, a direção da montagem é de Hiroshi Sugimoto.

Três perguntas para Ondina Clais

Atriz e diretora, diz que é uma gaivota.

1. O que é ser atriz?

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É a vertigem. O fio de Ariadne no labirinto.

2. Por que teatro?

Nunca pensei. Aconteceu. Foi a evolução da dança. Eu queria falar.

3. Como gostaria de morrer em cena?

Não queria.  Nasci no mesmo dia que Cacilda, ela morreu em cena. Isso me marcou muito. Mas se fosse morrer em cena ou fora, que seja nos braços de alguém. A vida é uma jornada muito solitária.

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