As poéticas da sexualidade

Filmes, teatro infantil e quatro performances inéditas na cidade debatem a diversidade na produção contemporânea

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Por HELENA KATZ
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Cinco performances, das quais quatro são inéditas em São Paulo, dois filmes por dia e uma peça de teatro infantil compõem a mostra Todos os Gêneros, que estreia hoje e segue até domingo no Itaú Cultural. Convocando públicos e linguagens artísticas distintas, já explicita que seu foco é a diversidade. Não por acaso, prevê tanto a apresentação de Menino Teresa, o teatro infantil da Banda Mirim, no domingo, às 16h, como o curta de Claudia Priscilla, Vestido de Laerte, hoje, às 17h.A programação foi proposta por Sônia Sobral, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural. Em entrevista por telefone ao Estado, contou que tudo nasceu da observação dos jovens que aclamaram, no ano passado, a apresentação da peça À Primeira Vista, com Drica Moraes e Mariana Lima, dirigidas por Enrique Diaz. "O homossexualismo não era o tema, mas mobilizou as conversas sobre a relação entre as duas mulheres e me chamou a atenção. Foi quando comecei a planejar uma mostra sobre as poéticas da sexualidade que não afastasse os preconceituosos. Fui procurar trabalhos que pudessem mediar um contato com o público do Itaú, que é bastante conservador pelo histórico das reclamações que nos chegam. Descobri muitas coisas incríveis, das quais foi possível selecionar estas", explica.Todos os dias, a mostra começa, às 17h, com a exibição de filmes na Sala Vermelha e segue na Sala Itaú Cultural, às 20h, com espetáculos. Travesqueens, de e com Ricardo Marinelli e Erivelto Viana, e Uma Flor de Dama ocuparão o palco hoje. Na primeira, Marinelli interpreta a Princesa Ricardo e Erivelto, a drag Cintia Sapequara. Marinelli concebeu os dois projetos, destinados "a articular arte e respeito ao diferente", como consta na divulgação do evento. Em seguida, em Uma Flor de Dama, Silvero Pereira convida o público a encontrar uma travesti interessada em política, HIV, preconceito, amor e vida.Amanhã será a vez de André Masseno com To Be or Not To Be (Queer): That's a Toxic Question. Declara-se interessado em causar instabilidade nos binômios que têm pautado as questões de gênero (homem-mulher, hetero-homossexual etc), formulando uma mistura de autobiografia e reflexão artístico-teórica. O pensamento crítico continua depois do espetáculo, quando Marinelli e Pereira vão encontrá-lo no palco para dividir o que estão chamando de uma "mesa performática bizarra", dedicada a problematizar a diversidade sexual na produção cênica contemporânea.No sábado, a carioca Helena Vieira traz a criação que fez para o Rumos Dança de 2007, Maria José, na qual se pergunta com quantos gêneros é possível lidar no dia a dia. Depois, vem o mexicano Javier Contreras mostrando solos que compõem a sua série denominada Pues Sí..., com a qual discute o machismo no seu país. Vai dançar Pues Sí, No Soy un Bailarín e Pues Sí, No Soy un Héroe, sobre o gênero masculino e o poder do patriarcado. Domingo, a lógica se inverte, pois começa com o teatro infantil da Banda Mirim e se encerra com os dois filmes, Phedra, de Claudia Priscilla, e Elvis e Madonna, de Marcelo Laffitte.

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