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As inovações e o humor da Blitz

As Aventuras da Blitz, que será relançado no próximo domingo pela Discoteca Estadão

Por Roberto Nascimento
Atualização:

No início dos anos 80, quem arriscou comprar um compacto chamado Você Não Soube me Amar, do então desconhecido grupo Blitz, ou caiu na gargalhada ou pediu o dinheiro de volta. O lado B trazia uma música chamada Nada, em que um jovem Evandro Mesquita repetia incessantemente a palavra "nada". Nada mais. Felizmente, para os garotos da banda, o primeiro lado virou hit e quando chegou às lojas acompanhado das outras faixas do disco As Aventuras da Blitz, que será relançado no próximo domingo pela Discoteca Estadão, trouxe fama nacional ao grupo carioca. Mas o senso de humor da estreia não deve ser ignorado. É um dos ingredientes-chave na música da Blitz, um filtro pelo qual todas as influências da banda passavam. A primeira formação era composta por Evandro nos vocais, Lobão na bateria, Ricardo Barreto nas cordas, Fernanda Abreu nos backing vocals, entre outros. Apesar das letras cômicas, o grupo era antenadíssimo no que se passava no cenário internacional. Evandro, Lobão e companhia mesclavam reggae com dance rock, funk, rockabilly - enfim, boa parte dos estilos que formaram o punk inglês alguns anos antes e ainda pairavam pelo zeitgeist do rock. A musicalidade dos arranjos, assinados pela banda inteira, é notável. Um power trio bem amarrado pela bateria de Lobão segurava a banda. As texturas plásticas que estavam em voga na época são compensadas pelo acompanhamento de Fernanda Abreu e Márcia Bulcão, que entoam "tchubirubas" e "ua ua uas" bem harmonizados onde sobram espaços. Ecos da Jovem Guarda se fazem ouvir na atitude de galã que Evandro assume. E quando a Blitz embarca no rock and roll dos anos 50, aquele senso de humor presente desde o primeiro single evoca Raulzito.

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