
17 de dezembro de 2015 | 02h00
Ideia simples, também, é que basta extrair a Dilma, como um foco infeccioso, do governo e tudo melhorará. Como não há razão jurídica para depor a Dilma – opinião não minha, um perigoso bolchevique, mas de vários juristas respeitados –, o impedimento da presidente passa a ser apenas uma obsessão, ou uma ideia simples fixa. A baixa popularidade da Dilma e o índice de aprovação do seu governo lá embaixo seriam razões não jurídicas para derrubá-la. Mas isto seria um mau precedente. O Brasil, com sua mania de criar moda (só no Brasil alguém poderia dizer que fundos na Suíça e contas na Suíça são duas coisas completamente diferentes e continuar presidindo a Câmara), estaria inventando o governo por pesquisa de opinião. Cotação muito baixa nas pesquisas – rua! Um péssimo precedente. Não esqueçamos que, pelo critério da popularidade, o Fernando Henrique não teria sobrevivido até o fim do seu mandato.
Ideias simples também comandam o terrorismo mundial: o que pode ser mais basicamente irracional, mais antidiplomático e intolerante – enfim, menos complicado – do que explodir tudo à sua volta, e a você mesmo, por uma causa ou um deus? Infelizmente, as ideias simples ganham força em todo o mundo. E o pior é que os próprio meios de combatê-las ficam cada vez mais infectados por elas. Nos Estados Unidos, estão dizendo que Trump só teve a coragem de falar o que muita gente pensa, mas não fala.
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