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As colagens dançantes do Datarock

Frederik Saroea, que volta a São Paulo, fala ao Estado sobre a influência de David Byrne

Por Roberto Nascimento - O Estado de S. Paulo
Atualização:

Ao fim de um dos hits do grupo norueguês Datarock, um coro entoa “fa fa fa fa fa” sobre o refrão. Pode parecer plágio, mas no contexto da faixa, a referência a Psycho Killer, dos Talking Heads, é secundária, uma nota de rodapé de função ornamental. “Eu quis agradecer a David Byrne”,  conta, o produtor e guitarrista Fredrik Saroea,  cérebro do Datarock, que volta a São Paulo para show no Estúdio EMME, nesta quinta-feira. “Ele é o nosso padrinho musical”, explica.

 

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Saroea é fissurado em colagens pós punk. Rouba um riff do The Fall no álbum Red, de 2009, e faz apologia ao Talking Heads em outras canções, uma delas com letra composta por nomes de faixas da banda. Mas a influência vai além da tietagem ou de uma compensação para a falta de criatividade. Está nos trejeitos do canto, no estilo de dance orgânico e nas aspirações autorais. “A maneira com que o Talking Heads fazia música criativa dentro dos limites do pop é muito inspiradora”, explica Saroea.

“Eles eram artistas conceituais ao mesmo tempo em que faziam música irresistível do ponto de vista pop”.

Quando emplacaram, em 2006, Fredrik e sua banda foram rotulados pela imprensa britânica de expoentes do New Rave, gênero que abriga grupos como os Klaxons, Shitdisco, Simian Mobile Disco e, às vezes, o Hot Chip. O que une estas bandas é o desejo de fazer dance rock com referências de new wave, fórmula descoberta por James Murphy, do LCD Soundsystem, no início dos anos 2000.

 

Vestidos de agasalhos vermelhos, o Datarock ficou famoso ao fazer shows dançantes cujo público fervia embalado por doses de ecstasy em uma espécie de revival da cena rave, as famosas festas dominadas por drogas e música eletrônica. Quando o primeiro disco foi lançado pelo selo Young Aspiring Professionals, do próprio Saroea, a crítica do influente site Pitchfork descreveu o grupo como “fabulosos” provedores de música gay.

 

“Não concordo e tampouco sou gay, mas uma das missões do Datarock é promover a ideia de que não há problema em ser gay se você é hetero. Assim como não há problema em ser gay se você é homo”, conta Fredrik. O Datarock se associa a um tipo de música diretamente vinculada à cultura gay dos anos 80, mas há pouco que reforce a tese do Pitchfork, além do fato de que a banda lançou, esta semana, um EP com cinco faixas escritas sob influência de musicais da Broadway. “Já tínhamos adaptado Summer Nights, do musical Grease, no primeiro disco. E fizemos o EP de sacanagem. O som é um Datarock enveredado pelo mundo das showtunes.

 

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Queremos que seja trilha sonora de um filme que mescle Spinal Tap com Here Comes the Monkees, com Flight of the Conchords, com Borat e Dude Where’s my Car, uma espécie de American Pie”, diz. Além do show desta quinta-feira, Fredrik discotecará na boate Alberta#3, na sexta-feira.

 

Datarock

Quinta, dia 24, às 21hrs, no Estudio EMME. Rua Pedroso de Moraes, 1036 – Pinheiros. R$ 120. Tel: 11 3038-2542

Sexta, dia 25, 1h (madrugada de sábado), DJ set no Alberta # 3. Av. São Luís, 272, República. R$ 50. Tel: 3151-5299

 

 

 

 

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