Cerca de 700 pessoas - 690 senhas distribuídas - abarrotaram na noite de segunda-feira arquibancadas e corredores do Teatro Oficina no lançamento do 3.º Manifesto Arte Contra a Barbárie. O dramaturgo Reinaldo Maia abriu a noite com um pequeno histórico do movimento, iniciado no ano passado, que agrega artistas em torno do debate sobre a necessidade de adoção de uma política cultural que garanta a diversidade e a sedimentação da criação artística no País. Depois de Maia, falaram Iná Camargo Costa, Aimar Labaki, Marco Antônio Rodrigues, Hugo Possolo, César Vieira, Mariana Lima, Gianni Ratto, Walmor Chagas e Zé Celso. Às 22 horas, o ator Auri Porto fechou o evento com a leitura do manifesto. "O teatro é um elemento insubstituível para um país por registrar, difundir e refletir o imaginário de seu povo; a produção artística vive uma situação de estrangulamento que é resultado da mercantilização imposta à cultura e à sociedade brasileira", registra o manifesto. "Para que o País encontre o caminho da promoção das humanidades e se afaste da barbárie, oficial e não-oficial, são necessárias medidas urgentes e concretas; em nossa área, isso significa o fomento da produção artística continuada e comprometida com a formação crítica do cidadão", finaliza o documento. "Fiquei encantado", comentou Renato Borghi. "Há muito tempo não via tanta gente reunida num debate". A partir de segunda-feira, o grupo passa a discutir uma proposta concreta para um programa permanente de apoio às artes cênicas. Segundo Rodrigues, o sinal mais positivo foi mesmo a adesão ao movimento. "As soluções passam pelo Legislativo e não são rápidas, porém, o mais importante é a crescente consciência da importância de atuar sobre o simbólico na construção de uma nação", afirma. "A questão da violência e da miséria está diretamente associada à produção dessa arte bárbara e mercantil, à vulgarização e à banalidade em todos os níveis", prossegue. "A construção de novos paradigmas, até mesmo espirituais, só pode ser feita no campo simbólico da cultura".