Artistas e atletas selam acordo de paz sobre patrocínio

Grupo se reuniu em Brasília na terça-feira com o objetivo de ampliar o leque de incentivos fiscais às empresas interessadas em investir nos dois setores

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Por Agencia Estado
Atualização:

Artistas e atletas encontraram uma saída para repartir o bolo de patrocínios privados. Ao invés de brigar pelo mesmo tipo de recursos, representantes das duas categorias reunidos em Brasília na terça-feira fizeram uma proposta para ampliar o leque de incentivos fiscais às empresas interessadas em investir nos dois setores. Com o acordo firmado entre as duas categorias, o texto da lei que tramita no Senado deverá ser alterado. As mudanças determinam que os incentivos concedidos a projetos do esporte não sairiam mais do mesmo percentual hoje destinado a projetos culturais através da Lei Rouanet. O esporte contaria com incentivos fiscais, mas oriundos de outros tipos de investimentos dedutíveis no imposto de renda. A lei do esporte, que tramita no Senado, previa deduções de 4 por cento do Imposto de Renda para as companhias que patrocinassem o esporte. O problema é que, originalmente, esses investimentos disputariam a mesma fatia de dinheiro com a cultura, já beneficiária da isenção de 4%. Diante da polêmica, ficou decidido que as doações para iniciativas ligadas ao esporte sairão de áreas como investimento tecnológico e despesas com vale-alimentação, que podem ser abatidas no IR no limite de 4%. Um grupo de estrelas do esporte e da cultura visitou o Senado nesta terça-feira para discutir a mudança na lei em tramitação. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o governo está "extremamente atento" ao que chamou de "saudável disputa" por incentivos fiscais. Ela destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu uma "solução criativa" para o caso. "Juntos, nós somos mais fortes, mais poderosos. O esporte já tem apoio. Temos que apostar no mecenato para mostrar que é viável investir mais na cultura", afirmou o ator Ney Latorraca. "Se não der certo, eu vou ficar nu no teatro municipal e no Congresso", brincou. Para artistas, as empresas fariam muito mais doações ao esporte que à cultura, piorando o que chamam de baixo grau de investimento em teatro, dança e música pela iniciativa privada. "Foi um mal-entendido. A cultura tem toda razão em brigar para não dividir o bolo e o esporte tem o direito de brigar por espaço na lei de incentivos. Agora temos um acordo e estamos juntos", disse Hortência, ex-jogadora de basquete. Segundo dados do Ministério da Cultura, pouco mais de 1.900 empresas privadas usaram o incentivo do governo para investir em arte no ano de 2005. O montante equivale a cerca de R$ 730 milhões no período. Há, no entanto, uma demanda reprimida de quase 180 mil empresas que poderiam atuar como patrocinadores, mas ainda estão de fora.

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