18 de abril de 2012 | 03h09
O pequeno óleo (39 x 50 cm) já foi mostrado em exposições importantes, mas existem trabalhos que são exibidos pela primeira vez ao público, caso de Descanso dos Pescadores, que nunca saiu da casa onde morou o escritor José Lins do Rego. Os óleos Serenata e Conversa no Cais são igualmente inéditos em exposições, embora a reprodução do último tenha sido publicada num livro sobre o artista por Aleksander B. Landau, em 1976.
Di Cavalcanti é um artista que, a exemplo de Volpi, nosso maior pintor, ainda não tem cotação internacional. Ao contrário de Mira Schendel, Lygia Clark e Hélio Oiticica, que alcançam preços estratosféricos em casas de leilões como a Sotheby's e a Christie's, Di Cavalcanti fica no patamar de pintores contemporâneos sem a sua relevância histórica (Beatriz Milhazes, por exemplo). Há dois anos, sua tela Sonhos do Carnaval (1955), foi avaliada num leilão da Christie's entre US$ 800 mil e US$ 1,2 milhão. Hoje ela alcançaria uma cotação maior (há telas de Di Cavalcanti que chegam a US$ 2 milhões, mas elas são poucas e raramente aparecem no leilões brasileiros, que comercializam mais as obras do período final, sem a importância das peças dos anos 1920 a 1940).
"É uma injustiça com Di Cavalcanti e Volpi, mas as cotações internacionais seguem a lógica dos curadores, que preferem a arte concreta e neoconcreta do Brasil", analisa Kuczynski.
Desde os anos 1970 vendendo modernistas brasileiros, o marchand estima que 80% das obras que comercializou eram de Volpi. Di Cavalcanti está mais presente nas coleções particulares que nos acervos dos museus, embora o Masp tenha As Cinco Moças de Guaratinguetá (1930) e o MAC, uma bela coleção de desenhos seus - e ele foi um grande desenhista. Das coleções privadas, destaca-se a do casal carioca Sérgio e Hecilda Fadel. A coleção de Gilberto Chateaubriand é igualmente uma referência quando se fala do artista. Já rendeu, em 2006, uma retrospectiva com 51 óleos e 59 desenhos. / A.G.F.
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