Arte feita com a sobra da guerra

Benetton, da polêmica campanha Unhate, faz pomba da paz com 15 mil balas

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Por / A.G.F.
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Recentemente nas manchetes com a polêmica campanha Unhate, que mostrava beijos na boca de líderes mundiais e religiosos, a Benetton volta à carga com material explosivo. Desta vez, sem perigo. A revista Colors, mantida pelo grupo italiano, oferece hoje à cidade de Trípoli, na Líbia, no dia de sua independência, uma grande escultura em forma de pomba, feita de 15 mil cartuchos de balas disparados e recolhidos em zonas de guerra.A entrega da pomba da paz, criada pela Fabrica, centro de produção da Benetton em Treviso, "é o primeiro gesto, ao mesmo tempo simbólico e concreto, da Fundação Unhate", diz o vice-presidente da empresa, Alessandro Benetton, que havia anunciado o projeto no mês passado, no lançamento da campanha Unhate, neologismo que pretende convencer o mundo a lutar contra a cultura do ódio. Os cartuchos que cobrem o corpo da pomba da paz, revestida nas instalações da Universidade de Trípoli, foram enviados à revista Colors por pessoas que moram em regiões de conflito, recolhidos das mãos de crianças, de salas de operações dos hospitais de guerra e ao lado de pessoas que morreram em defesa de causas políticas. Líderes políticos (Barack Obama, Hu Jintao, Hugo Chávez) e religiosos (o papa e Ahmed Mohamed el-Tayeb) apareciam, involuntariamente, na campanha Unhate, que provocou protestos de representações diplomáticas e do Vaticano contra a manipulação de suas imagens . Desta vez, são anônimos que contribuíram voluntariamente, enviando os cartuchos vazios para a montagem da pomba da paz feita dos despojos da guerra, tema da edição especial da Colors que documenta a entrega da escultura aos líbios.O número é inteiramente dedicado ao relato da vida de pessoas que ainda correm perigo em zonas de conflito, entre eles jornalistas de uma rádio independente de Mogadíscio, na Somália, e um empresário calabrês ameaçado de morte por denunciar 48 criminosos da Ndrangheta, organização mafiosa da Calábria. O Brasil é representado por um filme patrocinado pela revista, Cine Rincão, que conta como um jovem de 27 anos sobreviveu a um tiroteio num bar de Osasco e criou um cinema para crianças.

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