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Arte e partículas subatômicas colidirão no Cern

Por ROBERT EVANS
Atualização:

A Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern) anunciou nesta quinta-feira um novo programa que une ciência e arte para promover música e pintura inspiradas pelas maravilhas do cosmos. O programa vai envolver a organização em projetos culturais que sejam influenciados pela física de partículas que ocupa posição central no trabalho do Cern. "As artes e a ciência estão inextricavelmente conectadas, pois ambas são formas de explorar nossa existência, o que significa ser humano e qual é o nosso lugar no Universo", disse físico alemão Rolf Heuer, diretor geral do Cern e fã de música clássica. Mariko Mori, uma conhecida artista japonesa nos campos do vídeo e fotografia, ofereceu uma visão mais lírica das ideias que embasam o programa, que será dirigido por um "Conselho Cultural das Artes" e convidará artistas para períodos de residência no Cern. "O desafio do Cern, descobrir a verdade de nossa existência por meio de ciência revolucionária, oferece inspiração aos artistas e criadores de todo o mundo", disse Mori, depois de uma recente visita ao centro, que fica na fronteira entre a Suíça e a França. O Cern lidera os esforços da humanidade para "compreender o que somos", disse Mori, que cria visões de mundos alienígenas por meio de esculturas, pinturas e vídeos. O "conselho cultural" de cinco integrantes, entre os quais o diretor de uma importante companhia de ópera francesa, o presidente de um museu suíço e um físico do Cern cuja especialidade é a busca da antimatéria, selecionará dois projetos ao ano para que recebam o selo de aprovação da organização. O centro opera com orçamento severamente controlado pelos 20 países europeus que o bancam e não tem verbas a oferecer para as artes, mas Heuer diz que seu apoio moral facilitará a busca externa de fundos para cada projeto selecionado. O Cern, cujo Grande Colisor de Hádrons (LHC) tem simulado trilhões de miniversões da explosão que criou o Universo 13,7 bilhões de anos atrás desde seu lançamento em março de 2010, não é novo no mundo das artes. Físicos do centro formaram uma banda de jazz e uma orquestra e os sons de partículas se chocando dentro do LHC foi convertido em música. No ano passado, um artista norte-americano foi convidado para usar um prédio de 3 andares no complexo principal do instituto para fazer um mural pop que ilustra o que ele chama de mitologia secular de uma "catedral da ciência".

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