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Arte de González-Torres vai do MAM às ruas de SP

Além de mostra no museu, que será inaugurada amanhã, trabalhos do artista cubano estão em 33 outdoors da cidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Finalmente os latino-americanos estão tendo a oportunidade de ver a obra do cubano Félix González-Torres, que se tornou um dos principais expoentes da arte nova-iorquina da primeira metade da década de 90, mas teve uma produção extremamente curta, morrendo de aids em 1996, aos 39 anos. Depois de passar por Bogotá e Caracas, a mostra Untitled - A Obra Pública de Félix González Torres será inaugurada amanhã no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Inaugurada é modo de dizer, já que a exposição itinerante organizada pelo curador Carlos Basualdo se dá mais fora do que dentro do espaço do museu. O verdadeiro núcleo da mostra estará não dentro de quatro paredes (no museu só há três obras), mas espalhado por vários cantos da cidade de São Paulo - que recebe a versão mais ampla e completa de trabalhos. Ao todo, são 33 outdoors, espalhados por vários pontos da cidade, que representam as várias séries desenvolvidas por Torres de 1989 até sua morte. Nesta lista estão trabalhos importantes, como o primeiro de seus outdoors, em que vemos uma série de nomes e datas escritos em branco sobre o fundo negro. O que inicialmente não parece ter sentido, adquire um caráter de protesto e luto, quando verificamos que se trata de vítimas da aids. Outra intervenção importante é o cartaz - feito por encomenda do MoMA de Nova York, em que vemos uma cama desarrumada, onde até pouco tempo esteve deitado um casal. Não importa se eles eram heterossexuais, brancos, negros ou amigos dividindo um leito. Obras como essa falam muito do trabalho de Torres, que lida com imagens ao mesmo tempo frágeis e extremamente sugestivas. "Seu trabalho é simples e enigmático ao mesmo tempo", diz Basualdo, afirmando que Torres provoca ao utilizar a mídia como suporte, tentando suspender a certeza da imagem publicitária. A questão da sexualidade e das minorias também é importante em sua trajetória, "marcada por uma militância muito clara e política contra o conservadorismo, sem jamais ser panfletário" Basualdo, que foi aluno de Torres no Whitney Museum, considera interessante o reencontro do artista com a América Latina e aponta uma grande relação entre a releitura da arte minimalista e conceitual que ele faz e a obra de artistas brasileiros, como Cildo Meireles. A Obra Pública de Félix González - Torres. Terça, quarta e sexta, das 12 às 18 horas; quinta, das 12 às 22 horas; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas. R$ 5,00 (estudantes com carteirinha pagam meia/ maiores de 65 e menores de 10 não pagam/ grátis às 3.ªs e às 5.ªs após as 17 horas). MAM. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, Parque do Ibirapuera, portão 3, tel. 5549-9688. Até 9/9. Abertura amanhã (09), às 19 horas.

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