Arte brasileira invade Washington e Nova York

Museus e galerias americanas estão com muitas e boas mostras de artistas brasileiros, de barrocos a contemporâneos, programadas para os próximos meses

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Por Agencia Estado
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A arte brasileira vai ter forte presença, este mês, em Nova York e Washington, apesar do clima de insegurança vivido pela guerra anti-terror. Eventos culturais agendados anteriormente foram mantidos por solidariedade aos Estados Unidos e também por razões de política diplomática, a fim de evitar a repercussão negativa que o cancelamento traria para o Brasil no exterior. Nos próximos dias, o público norte-americano terá exposições brasileiras no Guggenheim Museum, no Museo del Barrio e em várias galerias de Nova York, mais uma mostra especial no National Museum of Women in the Arts (NMWA), em Washington. Todos os eventos são organizados com parceiros americanos pela BrasilConnects, empresa brasileira de promoções artísticas e ecológicas, dirigida pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira. A maior delas é a exposição Brazil: Body and Soul (Brasil: Corpo e Alma), que deve ser aberta no dia 19, no Guggenheim Museum, em Nova York. Essa mostra, que focaliza a arte brasileira do período barroco e do século 20, foi adiada três vezes por causa da sua peça principal, o altar-mor do Mosteiro de São Bento, em Olinda, construído no século 18. A Justiça Federal em Pernambuco havia proibido o embarque da obra, sob alegação de que ela poderia sofrer riscos em Nova York. A medida judicial só foi suspensa por intervenção pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso. Composta por cerca de 300 obras, Brazil: Body and Soul será exibida em Nova York até 27 de janeiro e, em março do ano que vem, deve seguir para o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, onde permanecerá por seis meses. No museu nova-iorquino, paralelamente à mostra, haverá uma programação de conferências sobre arte brasileira, pequenos espetáculos de música e dança, além de projeções de filme e trechos de telenovelas. Contemporâneos - O Fio da Trama/The Thread Unraveled: Contemporary Brazilian Art, que ficará em exibição a partir desta sexta e até 3 de fevereiro no Museo del Barrio, reúne 63 obras criadas por 21 artistas brasileiros contemporâneos. Entre eles, estão Ernesto Neto e Vik Muniz, que representaram o Brasil na Bienal de Veneza deste ano, e Miguel Rio Branco, outro nome já conhecido no circuito internacional. A maioria, no entanto, está expondo trabalhos pela primeira vez fora do Brasil. Fatima Bercht, curadora-chefe do Museo del Barrio e organizadora da mostra, procurou enfatizar as conexões entre os artistas e suas obras já a partir do título da exposição. Em português, a expressão "fio da trama" refere-se à linha ou ao filamento de um tecido e também ao enredo de uma história. O título em inglês, The Thread Unraveled, segundo a curadora, "não é uma tradução e sim um contraponto, sugerindo que o tecido, quando desfiado, pode revelar sua verdadeira natureza interior". Visão feminina - Em Washington, o National Museum of Women in the Arts (NMWA) vai apresentar a exposição Virgin Territory: Women, Gender, and History in Contemporary Brazilian Art a partir do dia 18 e até 6 de janeiro. São mais de 70 obras produzidas por 25 artistas brasileiros de diferentes gerações. A mostra, segundo Susan Fisher Sterling, diretora de arte e programação do museu, segue quatro linhas de pensamento interconectadas. Na primeira, exemplificada pelas pinturas contemporâneas de Adriana Varejão, examina o País como um novo mundo exótico a ser conquistado e colonizado. A segunda, que toma o mapeamento como um meio de apropriação de território, tem obras como Fronteiriços, esculturas em que Anna Bella Geiger encheu gavetas com fragmentos de mapas. O lugar da mulher na nova ordem social, antes associada ao machismo, é o tema da terceira seção. Isso é traduzido, por exemplo, na instalação intitulada Jóias, de Nazareth Pacheco, que compõe colares e outros adornos femininos com agulhas e giletes. O quarto e último subtema aborda a mistura de culturas e raças, em que a idéia de integração é desafiada por obras como o filme Mulheres Negras, de Silvana Afram.

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