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Arte aborígene é cartaz da Pinacoteca

Exposição reúne 152 obras de arte produzidas pelos nativos da Austrália, entre pinturas em casca de árvore, esculturas e até uma instalação

Por Agencia Estado
Atualização:

É literalmente do outro mundo. A exposição The Native Born - Arte Aborígene da Austrália que começa amanhã na Pinacoteca do Estado e vai até 11 de agosto, traz 152 obras pertencentes à coleção de Raminging do Museu de Arte Contemporânea de Sydney, na Austrália. A grande maioria das peças é de painéis pintados em cascas de árvores, mas há objetos esculpidos em madeira, itens de palha, utensílios e até mesmo uma instalação. A mostra inclui obras colecionadas entre 1981 e 1984 por Djon Mundine, um dos mais respeitados especialistas atuais em arte aborígene, em duas comunidades da Terra de Arnheim, na parte centro-norte da Austrália, a ilha de Millingimbi e o povoado de Ramingining. Mundine conhece bem o local, pois trabalhou 16 anos como consultor de artes da comunidade de Ramingining, além de ser ex-curador sênior do Museu de Arte Contemporânea de Sydney. O conjunto exibido na Pinacoteca é bem representativo do movimento de arte aborígene contemporânea, iniciado nos anos 70, a fim de resgatar a herança cultural desse povo. Mostra experiências espirituais, seres mitológicos, cerimônias, rituais, o mundo natural, bichos e plantas. Os trabalhos são de 59 artistas, com os materiais usados há gerações pelos aborígenes: as cascas de árvores, folhas, fibras vegetais, cera de abelha, dentes de animais e plumas. Na instalação, feita em baixo-relevo, com areia branca (que é parte dos rituais de purificação executados nas cerimônias mortuárias), é intrigante a técnica de dispor objetos, terra e outros materiais em instalações, que só surgiu no Ocidente a partir dos anos 20 do século passado. A mostra é dividida em seis partes, referentes aos ambientes naturais dos temas: mangues, florestas, lagos, mares e oceanos, selvas e planícies. A técnica predominante vem do século 19. Após extrair a casca do eucalipto, o pintor aplica um fundo de cor sobre o qual pinta figuras com cores associadas à terra: ocres em tons vermelhos e amarelos, argila para o branco e uma mistura de cinzas para o preto. Elas têm obviamente significados simbólicos, com imagens duplicadas ou sombreadas. Surpreendem o olhar ocidental a estilização das figuras, a noção de perspectiva e a concepção refinada. The Native Born, Na Pinacoteca do Estado (Pça. da Luz, 2 - tel. 3313-4396). De terça a domingo, das 10 às 18h.

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