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Arquitetura de um verão: um balanço da temporada masculina de moda

Desfiles em Milão e Paris propõem guarda-roupa masculino mais casual, sem perder a elegância jamais

Por Sergio Amaral
Atualização:

Foi uma temporada animada, como não se via há tempos, a masculina do verão 2019, encerrada no último domingo, 25, em Paris. Em Milão e na capital francesa onde desfilam as mais poderosas difusoras de tendências, mais de uma centena de marcas mostrou criações que serão colocadas à venda só no início do ano que vem, mas que desde já influenciam o guarda-roupa masculino. 

Em tempos de mudanças radicais (nas mídias, no comportamento, no mercado), a moda busca acompanhar suas transformações com roupas mais confortáveis, descontraídas e casuais, como muitos novos ambientes de trabalho, coworkings e home-offices sugerem. É uma nova elegância informal, uma ideia que reverbera em quase todas as marcas masculinas.

O verão 2019 da Ermenegildo Zegna, desfilado no primeiro dia da temporada masculina em Milão, na sede da editora Mondadoriprojetada por Oscar Niemeyer Foto: DANIEL DAL ZENNARO/EFE

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Na Ermenegildo Zegna, ela aparece em propostas de um novo costume, com calças de perfume esportivo usadas com blazers, ou o inverso, jaquetas esportivas usadas com calças de alfaiataria, enquanto a Prada investe numa releitura chique do sportswear dos anos 70.

Esse vestir influenciado pelos trajes esportivos e pelas ruas impulsiona um boom de roupas utilitárias, com fartura de bolsos, zíperes e outros elementos funcionais, assim como o retorno de um velho conhecido que andava ausente das passarelas: o jeans. Ele surge em destaque em desfiles de marcas essencialmente street, como a Off-White, o fenômeno da moda jovem capitaneado por Virgil Abloh, novo diretor artístico da Louis Vuitton, assim como nas passarelas da Versace, da Valentino, da Prada e de Ermenegildo Zegna em lavagens e construções variadas.

Tudo azul.O jeans volta a ser destaque em passarelas, como a da Valentino Foto: Imagem cedida pela Valentino

Outro fundamento dessa temporada são as estampas florais, juntas e misturadas, românticas e delicadas ou maximalistas vibrantes, como mostraram Versace, Marni, Prada, Valentino e Vuitton. 

Flower power.A mistura de florais desfilada na Versace Foto: Alfonso Catalano/SGP Italia

O mesmo astral otimista vem reforçado pelo uso generoso das cores em looks monocromáticos - passeando entre matizes clarinhos e sóbrios de verde, azul e rosa a tons elétricos de néon. E também num recorrente “efeito arco-íris” nas apresentações de Louis Vuitton (com a passarela pintada nas suas cores), de Dries Van Noten (na sequência dos looks formando um degradê) e de Rick Owens (com sinalizadores tingindo o ar de fumaça colorida).

Efeito arco-íris.O colorido da passarela da Louis Vuitton, inspirada em 'O Mágico de Oz'e um dos looks utilitários da grife Foto: Ludwig Bonnet

Esse colorido não é à toa nem aleatório. Além das cartelas de cores e das cenografias, esteve presente no visível aumento da diversidade dos modelos escalados para desfilar as coleções. Um sinal de que mais do que um modismo passageiro, a influência das ruas parece ter vindo para ficar.

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Elegância informal.O mix de alfaiataria com roupa esportiva, proposta chique e mais casual do verão da Zegna Foto: DANIEL DAL ZENNARO/EFE

+ DA TEMPORADA

Magia negra Foi notável o aumento da participação de modelos negros nas passarelas. Foram 30 de um total de 56 na Louis Vuitton (no desfile anterior eram 10), 26 na Zegna (contra 12 no inverno) e 13 na Prada (ante 6).

#trendingtopic O desfile da Louis Vuitton e a estreia de Virgil Abloh na direção artística de seu masculino continuam rendendo. Primeiro negro a assumir uma maison do porte da LV, ele não tem formação em moda, é DJ, artista, designer de móveis e tem 2,6 milhões de seguidores no Instagram.

O rapper Kanye West com Virgil Abloh, o novo diretor artístico da Louis Vuitton, no backstage do desfile em Paris Foto: Saskia Lawaks

O retorno  A pochete está de volta nos looks dos fashionistas mais antenados e nas passarelas. Hermès, Valentino e Fendi fizeram.Híbridos A marca Alexander McQueen virou do avesso clássicos da alfaiataria só para recriá-los com construções inusitadas, como um blazer trench-coat. Genial!

Mandando nudes A Dolce & Gabbana fez um desfile só de acessórios. Inspirada por “A Roupa Nova do Imperador” mostrou modelos de underwear carregados de bolsas, pastas e mochilas. Bombou nas redes.

Beira-mar Em seu primeiro desfile masculino, a grife sensação Jacquemus inovou. Um dia depois da temporada em Paris, fez uma apresentação pé na areia, em Marselha.

A entrada final dos modelos da grife Jacquemus, sensação das redes sociais, que desfilou numa praia das Calanques, em Marselha, um dia após o término da temporada de moda parisiense Foto: BERTRAND LANGLOIS/ AFP
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