Arquiteto britânico vê o futuro em cidade ecológica no deserto

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Por LIN NOUEIHED
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Imagine uma cidade de 50 mil habitantes sem carros, sem gás carbônico, sem lixo, uma cidade ecológica do futuro. Agora imagine essa cidade no deserto do Golfo, onde as temperaturas no verão podem chegar a 50 graus e ar-condicionado 24 horas é um estilo de vida. O arquiteto britânico Norman Foster idealizou Masdar City, projeto com o qual o governo de Abu Dhabi espera diminuir suas emissões de carbono. "Estamos envolvidos em diversos projetos em Abu Dhabi, e este, sem dúvida, é o mais idealista. É provavelmente o projeto mais idealista hoje no mundo, e o mais relevante em qualquer conferência, de Kioto a Davos", Foster disse à Reuters. "Isto não tem a ver com moda, tem a ver com sobrevivência." O veloz crescimento econômico dos Emirados Árabes Unidos e de países vizinhos do Golfo Árabe impulsionado pelos recordes nos preços do petróleo, ocorre num momento de crescentes temores internacionais sobre as mudanças climáticas. Os Emirados Árabes estão entre os maiores emissores per capita de gases do efeito estufa, mas a capital, Abu Dhabi, anunciou na segunda-feira que investirá 15 bilhões de dólares no desenvolvimento de energias limpas e renováveis, incluindo Masdar City, que deve ser construída em sete fases, entre 2008 e 2018. Fazer isso no clima desértico não é tarefa fácil, e o formidável Foster, cuja empresa está por traz de diversos projetos famosos, da Millennium Bridge de Londres à reconstrução do Reichstag em Berlim, diz que ter voltado às raízes para projetar a cidade ecológica de Abu Dhabi. "Esta é uma resposta específica para um lugar onde há mais exigências climáticas quando se trata de zerar as emissões de carbono. É mais difícil no deserto no que em climas temperados. Seria mais fácil no Mediterrâneo ou no norte da Europa," ele disse em entrevista telefônica. "Mas acho que a questão é trabalhar com a natureza, com os elementos, e aprender com os modelos tradicionais." Masdar será uma cidade murada, no estilo tradicional árabe. Com a proibição aos carros, será uma cidade compacta, com ruas estreitas e à sombra, agradáveis para caminhar, não muito diferente do modo como os espaços urbanos eram organizados tradicionalmente para abrigar consumidores e pedestres do sol do Oriente Médio. Ela também terá um sistema de transporte ecológico, incluindo veículos sobre trilhos, incomuns nessa parte do mundo onde o transporte público é mínimo e as pessoas dependem de carros. "Veja Veneza. Você não se sente privado de nada em Veneza porque não há carros. É bem o contrário. A cidade é tão atraente que corre o risco de virar popular demais", disse Foster. "Estamos falando de tecnologia para fazer mais com menos."

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