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Arquiteta prepara pavilhão para a 27.ª Bienal

A 27.ª Bienal de São Paulo será inaugurada para convidados e autoridades políticas nos dias 5 e 6 de outubro e para o público no dia 7

Por Agencia Estado
Atualização:

Por enquanto, o grande pavilhão da Bienal, aquela arquitetura singular e transparente projetada por Oscar Niemeyer, é território da arquiteta Marta Bogéa. Há um ano e meio ela vem preparando o projeto expográfico da 27.ª Bienal de São Paulo, que será inaugurada para convidados e autoridades políticas nos dias 5 e 6 de outubro e para o público no dia 7: por enquanto, o pavilhão ainda está em obras, vazio, à espera dos trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros que formarão a grande mostra desta edição, sob o tema "Como Viver Junto", que tem curadoria geral de Lisette Lagnado. "O território ainda é meu, mas está incompleto, as obras me amparam", diz a arquiteta de 42 anos, pela primeira vez à frente de um projeto da amplitude de uma bienal de arte. Já começa a contagem regressiva para a abertura da mostra. Há 15 dias, 165 trabalhadores chefiados pelo experiente Quindó vêm montando toda a estrutura criada por Marta Bogéa para a grande exposição. Quindó revela outros números dessa empreitada: até agora já foram construídas quase 40 mil metros de paredes com uso de 6 mil chapas de aglomerado e 30 mil metros de sarrafos. As obras de arte mesmo só começam a chegar na quarta-feira ao pavilhão, ao prédio que não pode ser definido como museu, tampouco como um cubo branco - e esse é sempre o grande desafio para os arquitetos editarem o espaço e pensarem a melhor maneira de transformá-lo não apenas no receptáculo dos trabalhos dos artistas, mas num espaço que esteja em sintonia com todo o conceito do evento (desde o início do projeto curatorial, quando ainda nem se sabia quais artistas participariam, a arquiteta já foi convidada por Lisette Lagnado para ir trabalhando em estreita ligação com a equipe curatorial) Cria-se também um percurso para o visitante mergulhar na mostra mas, como frisa Marta, toda essa intervenção arquitetônica temporária numa arquitetura tão própria deve ser "serena" - um corpo recebe o outro. A entrada dos visitantes da mostra é já o primeiro destaque do projeto expográfico de Marta Bogéa. O acesso vai se dar por três entradas, a principal delas pela enorme parede de vidro no extremo fundo do pavimento térreo. "É o acesso pela visada mais exuberante do prédio", diz com razão a arquiteta: daquele local, com pé-direito alto e cercado de vidro, é possível ter uma vista longitudinal do pavimento (já que o edifício é longitudinal) e, ao mesmo tempo, ter a visão do Parque do Ibirapuera por todos os lados - a luminosidade natural também é intensa, o que contribui para o encantamento. "Não sei dizer se essa entrada é a original pensada por Niemeyer, mas é forte", diz Marta - há até uma escadaria do lado de fora, o que pode indicar a vontade do arquiteto do prédio. A escolha dessa entrada foi reforçada pela idéia de se criar um fio contínuo para o percurso de visitação. Em edições anteriores da Bienal, quando o acesso se deu pela lateral do pavilhão ao lado da marquise, onde está abrigado o Museu de Arte Moderna, o visitante tinha de optar se fazia seu percurso começando pela direita ou pela esquerda - " uma ruptura." A vontade de promover essa "visada longitudinal, de completude" perpassa também a relação com os outros andares do prédio. Não foram criadas salas nem anexos fechados e os painéis que abrigarão obras, nunca chegam aos tetos dos andares - há sempre uma abertura, uma linha que permite ter a luminosidade e a visão do exterior do prédio. "Não quis fazer nada labiríntico, mas em continuidade, porque uma das palavras de Lisette sempre foi a da porosidade entre os núcleos da mostra", afirma a arquiteta. As rampas que ligam os andares também estão limpas, nenhuma obra será instalada nelas. "Isso libera o olho para a paisagem", diz a arquiteta. O segundo piso, o mais extenso, foi o mais difícil para Marta. "Ele é falsamente homogêneo por causa do vão central", diz a arquiteta. Mesmo assim, é possível de qualquer ponto do andar ter a visão inteira dele. Depois do vão, foi criada a Praça Broodthaers, onde estarão trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros em sintonia com a obra do belga Marcel Broodthaers (1924-1976), destaque da 27ª Bienal e cujas criações estarão efetivamente na sala climatizada do terceiro piso. A Praça Broodthaers é aberta, sem paredes, e se destaca pelo piso suspenso, feito em compensado de madeira (MDF), para as pessoas pisarem mesmo nele. Ela se conecta com o terceiro piso também, onde uma área com o mesmo piso suspenso foi construída, ao redor das escadas. Depois da praça, os espaços são por ora mais ou menos fechados (extremamente aberto na área dedicada ao núcleo Acre), mas sempre há aberturas para a luminosidade.

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