Argentino é o destaque em seleção latina

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Além do argentino Las Acacias, de Pablo Giorgelli, na Semana da Crítica, que ganhou a Caméra d"Or, a seleção latina de Cannes em 2011 exibiu outro interessante filme em língua espanhola. O mexicano Gerardo Naranjo levou à Croisette sua Miss Bala, história de uma garota que quer participar de um concurso de beleza e ganha o passaporte para se envolver com tráfico (e ser apresentada como criminosa no desfecho).O filme é violento e, na sua mistura de glamour e cafonice, passa uma imagem devastadora do país. Miss Bala foi apresentado na mostra Um Certain Regard, assim como Trabalhar Cansa, dos brasileiros Marco Dutra e Juliana Rocha. O nacional flerta com o fantástico e começa e termina bem, um pouco na sombra de Sergio Bianchi - com quem compartilha a crença de que o Brasil é cronicamente inviável -, mas parece meio desconjuntado entre os seus extremos.Abismo Prateado, na Quinzena dos Realizadores, não acrescenta nada muito substancial ao que Karim Aïnouz já fez. Inspirado nas canções de Chico Buarque, e em especial em Olhos nos Olhos, o filme possui um roteiro errático, que se abre - e amplia - seguindo diferentes personagens. Pode ser interessante, mas também dispersivo. Vai depender do grau de adesão do público. O que tem de melhor é a singular capacidade do diretor para trabalhar com suas atrizes. Depois de Hermila Guedes em O Céu de Suely, Karim põe Alessandra Negrini no papel de uma mulher abandonada pelo marido. O diretor não realça a beleza da atriz, mas a descobre aos poucos. Uma Alessandra estonteante limitaria a personagem - o espectador não ia aceitar seu sofrimento, crente de que ela logo arranjaria outro amor. Mesmo assim, é duro tentar desgrudar o olho dela da tela.

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