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Palco, plateia e coxia

Arcênico: Dramaturgia do Sesi vira livro

Obra está sendo escrita há dois anos

Por João Wady Cury
Atualização:

Marici Salomão, coordenadora do Núcleo de Dramaturgia do Sesi-British Council, chega com novidades este mês para abalar os alicerces da nossa parca e mal falada bibliografia brasileira de livros para formação de autores teatrais. Entrega para a editora do Sesi um calhamaço de valor inestimável, provisoriamente chamado Sala de Trabalho, que vai se transformar em livro ainda este ano.   Trata-se de sua experiência de dez anos à frente do núcleo que a cada ano forma turmas com 10 a 12 novos dramaturgos e o método utilizado na entidade. E Sala de Trabalho é justamente isso: a construção do texto dramatúrgico, da ética profissional à investigação para se chegar a um texto sólido e de qualidade. Obstinada, há mais de 20 anos Marici tem ligação com o Sesi. Seu texto Retiro dos Sonhos foi um dos dez premiados no 1.º Concurso Nacional de Texto, em 1995. Em 2001, participou da Mostra de Dramaturgia do Sesi até ser contratada em 2007 para iniciar o núcleo.

Calhamaço. Marici finaliza livro. Foto: Sergio Castro/Estadão

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O livro está sendo escrito há dois anos. Muito tempo? Certamente, não. Ali está a experiência da dramaturga desde o início da carreira, das oficinas com o dramaturgo Luiz Alberto de Abreu, passando pelos anos com Antunes Filho, no CPT, até o núcleo do Sesi. O livro traz ainda depoimentos de dramaturgos formados no método.

TEMPOS DE FARTURA CRIATIVA NA ESCOLA DE ARTE DRAMÁTICA A Escola de Arte Dramática (EAD), da Universidade de São Paulo, vive hoje o resultado de um conflito. Se por um lado é só penúria, com a péssima fase financeira da universidade, fruto da redução de investimentos e diminuição da equipe de professores e servidores, por outro a escola fundada por Alfredo Mesquita é criatividade e inovação. Começando pelo inédito. Pela primeira vez em sua história, a EAD está realizando um longa-metragem. Chama-se 13 Andares e é dirigido pela cineasta e atriz Eliana Fonseca. À primeira vista, pode ser algo um tanto esquisito uma escola de formação de atores fazendo filme, trabalho que caberia com precisão na escola de audiovisual. Sim e não. É esquisito, mas, ao mesmo tempo, tem lógica. O filme é resultado de um curso ministrado por Eliana Fonseca - Atuação para Câmera - para os alunos do último ano da EAD em parceria com a escola de cinema, que cedeu profissionais e equipamentos. E o que deveria ser um curso acabou virando filme com estreia ainda este ano. Para o diretor da EAD, José Fernando Peixoto de Azevedo, o fato de a escola proporcionar para os alunos a possibilidade de atuar em um filme é muito positivo. “O resultado é um filme que o ponto de partida é o trabalho com o ator”, afirma Peixoto. “É um momento produtivo da escola, pois temos pensado de forma radical o sentido da experimentação.”

A coisa não para por aí e promete mais emoções, começando por este fim de semana. Boa parte das cenas criadas pelos alunos ao longo do período letivo do ano passado poderá ser vista a partir de hoje, 3, na 4.ª Mostra da Escola de Arte Dramática, no teatro da própria EAD. São exercícios cênicos e aulas abertas feitas a partir do encontro entre alunos, professores e diretores convidados. A mostra inicia-se hoje, às 21h, com Antígona(s) - Fragmentos, Percepções, com direção de Isabel Setti, e segue por este e o próximo fim de semana com outras peças, como Isto É Um Negro? (foto). Na direção dos espetáculos estão profissionais conhecidos, como Cristiane Paoli-Quito, Bete Dorgam. Boa chance para ver os novos talentos do teatro da cidade.3 PERGUNTAS PARA - Mario Bortolotto Dramaturgo, ator e diretor, é líder da banda Saco de Ratos

1. O que é ser ator? Uma forma de escapar do massacre cotidiano e da tortura exasperante de viver apenas uma vida.

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2. Com qual personagem de teatro se parece? Com Estragon de Esperando Godot. Sempre esperando por algo ou alguém que não vai vir. E no final diz que vai embora, mas sempre fica.

3. Como gostaria de morrer em cena? Eu não gostaria de morrer em cena. Como diria Nei Lisboa, “quero morrer bem velhinho, sozinho, bebendo um vinho e olhando a bunda de alguém”.

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