PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Palco, plateia e coxia

ArCênico: A cidade entre o céu e o inferno

James McAvoy ganha a cada dia mais fama no cinema, mas não larga o teatro

Por João Wady Cury
Atualização:

LONDRES – Um Cyrano de Bergerac sem o narigão proeminente, com trajes de motoqueiro dos anos 50, de um lado, uma megera mais que domada e pra lá de apática, de outro. E, para completar o cone invertido de Dante, o coronavírus – sim, o miserável já mostra suas garras no teatro londrino e levou anteontem ao fechamento de uma das mais importantes escolas de teatro e música, a Guildhall, depois que o teste para o vírus em um professor deu positivo. Londres transbordou em fevereiro, mas tudo indica que o show nem começou para o vivente. 

PUBLICIDADE

CADÊ MEU NARIZ? 

James McAvoy ganha a cada dia mais fama no cinema, mas não larga o teatro. Mais do que isso, a dupla que tem feito com o diretor Jamie Lloyd já rendeu boas peças como Three Days Of Rain (2009), Macbeth (2013) e The Ruling Class (2015). E, agora, o Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand. Esta segunda temporada que foi encerrada domingo passado no Playhouse Theatre rendeu a indicação para o Olivier Awards, mais importante prêmio do teatro britânico. Não é aquele Cyrano de Bergerac conhecido por todos. McAvoy criou um personagem que não precisa do narigão, da espada, muito menos dos trajes de época. Esgrima com palavras como se estivesse em um slam de poesia. 

James McAvoy. Cyrano sem nariz Foto: Marc Brenner

UM SOCO NO NARIZ 

Se McAvoy e seu Cyrano são a redenção e o céu, o inferno fica por conta da nova montagem de A Megera Domada, do bom, velho e agora maltratado Will Shakespeare, em cartaz no The Globe até abril. Pobrezinho, não merecia essa pirraça. A visão da diretora grega Maria Gaitanidi, a sua primeira encenação para o Globe, seria capaz de levar uma plateia inteira ao AVC coletivo. Longa e ineficaz, busca o riso fácil ao lançar mão de recursos infantis e torna a peça quase um pastelão.

Publicidade

PANCADARIA PURA

Quando a peça Bug estreou há duas semanas, em Toronto, a atriz e dramaturga canadense Yolanda Bonnell, descendente de índios, fez um pedido aos jornais, revistas e televisões que se preparavam para a cobertura do lançamento: que não enviassem homens brancos nas funções de jornalistas e críticos teatrais para falar sobre seu espetáculo por considerar que não teriam conhecimento e sensibilidade para tratar os temas colocados na peça. Polêmica instalada. A discussão sobre o posicionamento da atriz elevou a fervura. Há dias, inclusive, em que o debate se estende para a plateia após o espetáculo.

3 perguntas para: Marcelo Drummond, ator, integra o Teatro Oficina

1. O que é ser ator?

Não saber nunca o que é. Estar sempre buscando.

Publicidade

2. Com qual personagem se parece?

Os que fiz e me guiam, como Hamlet e Dionísio. Foram os que mais me formaram.

3. Qual é a sua frase arrebatadora?

“O resto é silêncio”, em Hamlet, de Will Shakespeare. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.