O lançamento nacional do programa Arca das Letras, que pretende levar literatura, cultura e conhecimento às comunidades rurais, transformou-se em uma festa, hoje, em Leitão da Carapuça, município de Afogados da Ingazeira, sertão pernambucano, onde o projeto foi implantado em maio, como piloto. A paraibana Zabé da Loca, tocadora de pífano de 79 anos, grupos de côco da região e repentistas mostraram a força da cultura regional, que foi realçada pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, que deu cancha, dançou e funcionou como um mestre-sala durante o seu discurso. As Arcas das Letras são minibibliotecas criadas para comunidades rurais e mil delas estarão implantadas até fevereiro ? 600 no semi-árido nordestino e 400 no Rio Grande do Sul. Os acervos originais possuem cerca de 200 títulos, parte deles sugerido pelas comunidades, incluindo literatura infantil, juvenil, clássicos, livros técnicos e pedagógicos. Projeto do Ministério do Desenvolvimento Agrário em parceria com o Ministério da Cultura, o Arca também visa à valorização da cultura no meio rural e o fortalecimento da auto-estima do povo. O ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário, ressaltou o que ele considera ?idéia-chave? do programa, ?a visão de desenvolvimento onde a cultura e os valores locais não sejam relegados ou deixados para depois?. Um primeiro exemplo de resgate das tradições populares foi o lançamento, também hoje, de dois CDs produzidos com o apoio do Projeto Dom Hélder Câmara, que tem atuação na área. Um dos discos é da pifeira Zabé da Loca, o outro uma compilação de clássicos do cancioneiro popular nordestino executados por grupos oriundos de Leitão da Carapuça ? Banda de Pífanos de Leitão e Grupo de Côco Negros e Negras de Leitão. A Arca está sendo instalada em comunidades de agricultores familiares, de remanescentes de quilombos (como Leitão da Carapuça, que tem uma população de pouco mais de 100 pessoas) e em assentamentos da reforma agrária. Os ministérios da Cultura e da Educação participam com o repasse de acervos. O Ministério do Meio Ambiente colabora doando madeira apreendida para a confecção das caixas-estantes e o Ministério da Justiça viabiliza a construção dessas caixas-estantes que abrigam os livros, nas marcenarias das penitenciárias. Atualmente elas estão sendo feitas na Penitenciária de Petrolina, no sertão do São Francisco (PE).