Araquém Alcântara expõe ecologia de combate

Fotógrafo lança no MIS Brasil Iluminado, seu 10º livro, reunindo registros da flora, fauna e da paisagem nacional

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Por Agencia Estado
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Desbravador incansável, que há 30 anos se dedica a revelar os recantos mais escondidos desse enorme País, Araquém Alcântara lança dia 31, no Museu da Imagem e do Som (MIS), a obra Brasil Iluminado (DBA, 192 páginas, R$ 88,00), seu 10.º livro. Uma seleção dessas imagens pode ser vista a partir desta noite no mesmo museu. Considerado um dos maiores fotógrafos brasileiros de natureza, Alcântara é autor de alguns dos mais belos registros da flora, fauna e da paisagem nacional. Em Brasil Iluminado há imagens tão puras e belas que torna difícil imaginar que o fotografo estava fisicamente presente no local. "O observador confunde-se com a coisa observada, o vazio se instaura", escreve ele, afirmando que a arte está em "não ser coisa alguma", em "dissolver a si próprio no vazio entre o céu e a terra". A água, com seus mágicos reflexos, sua pureza e encanto é um dos elementos mais presentes nesse trabalho. Mas além da poesia visual, que pode exprimir-se em cores ou em preto-e-branco, o fotógrafo tem uma clara intenção política, que vai além da denúncia contra as atrocidades cometidas pelo homem contra o meio ambiente. "Para mim, o centro da fotografia de natureza é o homem; não é só o desaparecimento do mico-leão, mas também a fome do caboclo ribeirinho", declarou certa vez ao Estado. "O fotógrafo de natureza não é alienado das questões sociais; faço uma ecologia de combate", disse. Mesmo não tendo a combatividade das imagens que realizou na Juréia, litoral sul de São Paulo e que enterraram definitivamente o projeto de construção de uma usina atômica no local, as imagens de Brasil Iluminado mostram a dignidade do brasileiro, seja ele o menino que vende melancias em algum recanto perdido, o velho tocador de sanfona ou a lavadeira que interrompe o trabalho para tomar um banho de rio. "Das viagens de Araquém pode sair também uma outra geografia, inspirada na lembrança das pessoas que ele vai encontrando pelo caminho", afirma Otávio Rodrigues que assina um dos textos do livro, ao lado de Antonio Paulo Pavone, Walter Firmo e o próprio Araquém Alcântara. Araquém Alcântara - De terça a domingo, das 14 às 22 horas. MIS - Museu da Imagem e do Som. Avenida Europa, 158, tel. 852-9197. Até 13/8. Abertura às 20 horas.

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