Após roubo de escultura, museu revê cessão de obras

Para atual diretor do Museu Nacional de Belas Artes, administração anterior permitiu "a dispersão indiscriminada do acervo"

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de cem itens do acervo de 14 mil peças do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), que teve uma de suas esculturas furtada do Hotel Copacabana Palace - e recuperada na Inglaterra -, estão emprestadas para instituições públicas e privadas do Brasil e do exterior. Embora apóie a cessão de obras, o diretor do museu, Paulo Herkenhoff, considerou ontem que a administração anterior fez empréstimos de forma indiscriminada. "Ao assumir o museu, em março, um dos problemas que encontrei foi a dispersão indiscriminada do acervo", observou. "O Belas Artes é um órgão público e suas obras devem estar à disposição do País, mas é preciso fazer isso de forma adequada", observou. Ele citou como exemplo de prejuízo a cessão em comodato de uma peça que quebrou no Maranhão. "Ela foi restaurada à revelia." Sobre a direção do Copacabana Palace, que ajudou a polícia inglesa a recuperar a escultura Pássaro Ferido, do artista francês Alfred Boucher (1850-1934), menos de 24 horas depois de ter sido furtada por dois turistas britânicos, no sábado, Herkenhoff só teceu elogios. "Eles agiram de forma imediata e exemplar." O diretor não confirmou, porém, a renovação do comodato. "Para continuar, preciso antes consultar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)." A procuradora-chefe do órgão, Sista Souza dos Santos, informou que, embora não exista uma legislação específica para a cessão de peças, a Lei 8.666, que institui normas para licitações e contratos da administração pública, determina que o comodato seja analisado pela Procuradoria Jurídica do Iphan antes de ser firmado. Segundo ela, o empréstimo de duas esculturas ao Copacabana em 1997, uma delas a recuperada pela Scotland Yard, não foi avaliado pelo órgão. A ex-diretora do MNBA, Heloísa Lustosa (1991-2003), rebateu as críticas de Herkenhoff e garantiu ter atendido as regras do Iphan. "Segui as normas. Além disso, é melhor uma peça estar em exposição, em um lugar seguro, do que na reserva técnica do museu, longe dos olhos do público." Em troca do empréstimo, disse Heloísa, o hotel cedeu uma peça importante para o museu e faz propaganda do MNBA no local de exposição das esculturas.

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