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Após rejeição inicial, França muda de tom sobre Polanski

Por YANN LE GUERNIGOU
Atualização:

O governo francês mudou de tom na quarta-feira com relação à prisão de Roman Polanski por ter feito sexo com uma menina de 13 anos, descrevendo as acusações como graves depois de ter inicialmente saído em defesa do cineasta. Num primeiro momento, a França e a Polônia, onde o diretor de 76 anos, premiado com o Oscar, passou sua infância, protestaram fortemente contra a prisão de Polanski no fim de semana passado. Mas a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse na quarta-feira que cabe aos juízes, e não a diplomatas, tratar do caso que data de 1977. Depois de políticos franceses de todas as matizes terem inicialmente expressado incômodo profundo com a prisão, um porta-voz do governo modificou a reação oficial na quarta-feira, dizendo que Polanski "não está nem acima nem abaixo da lei." "Um procedimento judicial está em curso dizendo respeito a um caso sério, o estupro de uma menor de idade, e os sistemas justiciários dos EUA e da Suíça estão fazendo seu trabalho," disse o porta-voz Luc Chatel a repórteres após uma reunião do gabinete. "Por outro lado, podemos compreender a emoção suscitada por essa prisão tardia, mais de 30 anos após os fatos, e pelo método da prisão," disse ele. Polanski, que tem cidadania dupla francesa e polonesa, foi preso a pedido dos Estados Unidos quando viajou à Suíça no sábado para receber um prêmio pelo conjunto de sua obra. A elite política e artística francesa o defendeu, e o ministro da Cultura, Frederic Mitterrand, acusou os Estados Unidos de mostrar uma faceta assustadora ao buscar sua extradição. O chanceler Bernard Kouchner disse que escreveu a Hillary Clinton, que disse a jornalistas nas Nações Unidas na quarta-feira que ainda não vira a carta. "Mas esta é uma questão que não é de minha alçada, é uma questão que é da alçada do sistema judiciário de nosso governo," disse ela. Polanski se confessou culpado em 1977 de ter feito sexo com a garota na casa do ator Jack Nicholson, e, quando estava livre sob fiança, fugiu para a França.

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