Apetite pelo Guns N' Roses continua o mesmo

Ainda que sem shortinho e dorso nu, o gordinho Axl Rose mantém seu carisma e se apresenta no Palmeiras

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Por Marco Bezzi e do JT
Atualização:

Quase 20 anos separam a primeira apresentação do Guns N’Roses no Brasil para esta que a banda de Axl e cia. vai fazer hoje à noite no estádio do Palmeiras. Quanta diferença. Naquela época, você podia cravar que Axl Rose era o dono do mundo, detentor da marca de 100 milhões de discos vendidos. O Guns N’Roses fazia o que bem entendia. Na segunda edição do Rock In Rio, em 1991, chegou de surpresa, em meio à gravação do megalomaníaco álbum duplo Use Your Illusion. Tomou todas as drogas e mesmo assim "cometeu" dois shows inesquecíveis. Hoje, é só a sombra daquela coalizão de egos em que Axl se sobressaía.

 

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Para disfarçar a voz em frangalhos, na nova turnê (Chinese Democracy World Tour) Axl desvia a atenção do público com uma produção caprichada, músicos competentes e uma massa sonora cheia de efeitos. Há momentos em que sua voz some - propositalmente. Diferentemente de 2001, Axl pouco fala neste show. Naquele ano, tinha até uma tradutora no palco. Em Brasília, no show que apresentou no domingo, se resumiu a falar "Brasília". No fim do show de duas horas e meia de duração ainda pediu desculpas pelo atraso e o horário do término da apresentação (2h45).

 

Nisso Axl continua o mesmo. Em Brasília, o atraso bateu quase as duas horas. Em sua autobiografia, Slash expõe esse como um dos piores defeitos do vocalista. São Paulo que aguarde. Axl, como disse uma pessoa próxima ao cantor, é indirigível. É possível esperar qualquer reação do cantor.

 

Em cima do palco, porém, a banda formada por Tommy Stinson (baixo), Dizzy Reed (teclados), Bumblefoot, DJ Ashba e Richard Fortus (guitarras) Chris Pitman (teclados e baixo) e Frank Ferrer (bateria) está afinadíssima. Cada um deles - com exceção de Pitman - faz seu solo durante a apresentação. O baixista Tommy e seu jeito mezzo punk mezzo grunge é o clone de Duff McKagan, enquanto o guitarrista DJ Ashba emula Slash nas guitarras com direito a cigarrinho no canto da boca.

 

Os fogos ensurdecedores não deixaram o público cochilar em Brasília, apesar do horário indecente para um show realizado em pleno domingo. Chuvas douradas, chamas e quatro painéis ainda moldam o palco. Três telões mostram Axl de perto. Desta vez, sem abusar dos shortinhos e camisetas coladas. Axl não despiu o dorso nenhuma vez durante o concerto.

 

O repertório (leia ao lado o set list de Brasília) privilegia o primeiro álbum, Appetite for Destruction (1987). Os bons momentos do novo álbum (Chinese Democracy, de 2008, que demorou 14 anos para ficar pronto) ficam por conta da faixa título e de Better, que funcionam bem ao vivo. É torcer para que Axl esteja de bom humor na noite de hoje.

 

Guns N’ Roses. Estádio Parque Antártica (38.213 lug.). R. Turiassu, 1.840, 4003-0848. Hoje, 21h30. R$ 120/R$ 400 Classificação: 16 anos

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