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Apesar de problemas, Virada Cultural diverte 4 milhões em SP

Público foi abaixo do estimado pela organização, de 5 milhões de pessoas; veja alguns destaques

Foto do author João Luiz Sampaio
Por Jotabê Medeiros , Lauro Lisboa Garcia , João Luiz Sampaio e Camila Molina
Atualização:

Apesar de todos os problemas pela falta de segurança e infraestrutura, a Virada Cultural divertiu os cerca de 4 milhões de pessoas - público abaixo do esperado pela organização, de 5 milhões - que viu, ouviu e curtiu muita arte em 24 horas deste fim de semana.

 

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No largo do Arouche, a refestança de uma geração foi organizada, escalando num mesmo palco Sidney Magal, Valdirene, Ângelo Máximo, Vanusa, Jerry Adriani e Wanderléa. Meio esquecidos, mas com grande senso de humor, eles tomaram conta do local. "Até de maca eu viria", disse a cantora Vanusa (que protagonizou ruidoso episódio na internet ao cantar ligeiramente grogue o Hino Nacional brasileiro numa cerimônia pública este ano). "Foi bom para colocar o joelho no lugar", brincou Jerry Adriani, após cantar Blue Suede Shoes, hit de Elvis Presley.

 

Wanderléa canta para o público

 

No palco da Avenida São João, a banda GrandMothers Re-Invented - formada por remanescentes do Mothers of Invention, de Frank Zappa, deu a largada para o rock com Pound for a Brown. Francamente funky, insuflada por brincadeiras vocais, vocalises e chistes onomatopaicos nos instrumentos, o show é puro Zappa. Durante as 15 músicas tocadas, a primeira fila do show, feita de zappamaníacos de todos os quadrantes, gritavam "Salve Frank Zappa".

 

Às 21h45, começou o show do Big Brother & The Holding Company, que acompanhou Janis Joplin em São Francisco. A cantora Sophia Ramos, grávida, iniciou com Down on Me. O grupo era esforçado, mas nem quando tocou com Janis era fundamental. O tom era de banda cover, ao contrário dos GrandMothers.

 

Já no palco principal, onde o evento teve início e fim às 18h, um reencontro de nordestinos deu um tom dissonante do resto da Virada. Foi um anticlímax significativo diante do ambiente de festa desenfreada que se tornou o evento. E a resposta mais radical à picaretagem do ABBA cover. Mesclando canções antigas com outras mais recentes, Elomar, Xangai, Vital Faria e Geraldo Azevedo tocaram meio de improviso e fizeram mais números solos do que em conjunto, mas comoveram o público com clássicos como Campo Branco, Bicho de Sete Cabeças, Dona da Minha Cabeça e Ai Que Saudade de Ocê.

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O grupo de nordestinos no encerramento da festança

 

A Sinfônica Municipal e do Coral Lírico, regidos por Rodrigo de Carvalho, interpretaram na noite de sábado, no palco da Luz, entre a Pinacoteca e a estação, Carmina Burana, de Carl Orff. A obra costuma agradar em massa o público - e não foi diferente com a multidão presente ao concerto. No entanto, desencontros, entradas erradas, canto de afinação aproximada, regência confusa - musicalmente, foi um concerto para ser esquecido.

 

Mas a Orquestra Experimental de Repertório, que subiu em seguida ao palco, saiu-se muito melhor na apresentação de trechos da ópera Porgy and Bess, de Gershwin, com Jamil Maluf e a presença de dois bons solistas - Edna D’Oliveira e David Marcondes.

 

 

É isso mesmo?

 

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Não, você não bebeu demais - havia mesmo um piano sobrevoando a Praça Ramos de Azevedo lá pelas três da madrugada de domingo. Acoplado a ele, o pianista/acrobata, de terno brilhoso e estrela costurada nas costas, Ricardo Peres. Alçado por um guindaste, tocou Chopin, Nazareth e Piazzolla, observado pelo público e pela estátua de Carlos Gomes. "Gente, que angústia isso, e se esse homem cai?", preocupava-se uma menina sentada na escadaria. "Para que isso?"

 

Com mais acrobacias, na passagem da madrugada de sábado para o domingo, um campo de futebol suspenso em frente do prédio da Prefeitura, no Viaduto do Chá, chamava a atenção do público. No ano de Copa do Mundo - e sendo o futebol a paixão dos brasileiros -, era inevitável que uma grande plateia se formasse para ver a partida em pleno ar encenada pelo grupo paulistano Acrobático Fratelli. A primeira das quatro apresentações dos acrobatas estava marcada para as 0h30, mas, afinal, o show atrasou, começando, de fato, à 1h20.

 

 

No fim, foi para ver uma partida de apenas cinco minutos, o que deixou o público com gosto de "quero mais". "Criou-se mais expectativa para pouca diversão", disse Marcelo Alves, de 37 anos. Mesmo assim, na maratona de performances de rua da Virada, o Fratelli foi um destaque assim como a apresentação com insetos gigantes do grupo espanhol Sarruga, no Vale do Anhangabaú.

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